Imagem ilustrativa da imagem Paraná registra sete denúncias de abusos relacionadas a João de Deus
| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil



Até a tarde de sexta-feira (14) o MPPR (Ministério Público do Paraná) registrou sete denúncias relacionadas ao médium João Teixeira, conhecido como João de Deus. Ele teria praticado delitos contra a dignidade sexual de mulheres em Abadiânia, no interior de Goiás. As denúncias foram encaminhadas para o Naves (Núcleo de Apoio à Vítima de Estupro), localizado em Curitiba, que oferece suporte psicológico e jurídico a mulheres maiores de 18 anos.

Desde quinta-feira o MPPR tem acolhido essas denúncias de possíveis vítimas que residem no Estado e tenham sofrido abusos pelo médium. As denúncias podem ser realizadas pelo telefone (41) 3250-4022, pelo e-mail [email protected] ou pessoalmente, no Bloco I da sede do MPPR (Rua Marechal Hermes, 751, 5º andar, Centro Cívico).

Os procedimentos realizados serão encaminhados para o Ministério Público de Goiás, que tem atribuição legal para apurar os fatos e instituiu uma força-tarefa para investigar o caso. O MP de Goiás recebeu 330 denúncias até o momento. A Justiça de Goiás determinou também nesta sexta-feira (14), a prisão preventiva de Teixeira.

O caso ganhou visibilidade depois de várias mulheres denunciarem o problema no programa conversa com Bial, da Rede Globo. As vítimas alegaram que os abusos ocorriam durante atendimentos individuais em Abadiânia (GO). Os abusos aconteciam supostamente desde a década de 1980 até outubro deste ano.

A procuradora de Justiça do Ministério Público do Paraná Rosangela Gaspari, responsável pelo Naves, foi procurada por intermédio da assessoria de imprensa, mas preferiu não se pronunciar no momento. A assessoria do MPPR informou que o caso está sob sigilo, e por esta razão nenhuma informação sobre as vítimas pode ser acessada.

A defesa de João de Deus enviou uma nota à imprensa na tarde desta sexta (14) após o pedido de prisão.

"Nota da defesa de João de Deus

1. Na última segunda-feira, dia 10/12/2018, estivemos no MP estadual em Goiânia para obter cópias dos depoimentos prestados pelas vitimas e amplamente noticiados pela imprensa. O pedido foi negado sob o argumento da preservação do sigilo.

2. Agora veio o decreto de prisão preventiva e, estranhamente, nos disseram que o processo fora encaminhado de Abadiânia para Goiânia a fim de que o MP tomasse ciência da decisão. Sim, é importante que o órgão acusatório tome ciência, mas ninguém se preocupou em disponibilizar uma simples cópia da decisão para a defesa.

3. É inaceitável a utilização de pretextos e artifícios para se impedir o exercício do direito de defesa. Sobretudo no que diz com o direito básico de se aferir a legalidade da decisão mediante a impetração de habeas corpus. Até mesmo o número do processo não se disponibiliza à defesa.

4. Que a autoridade judiciária queira impor a preventiva, embora possamos discordar, é compreensível, mas negar acesso aos autos, chega a ser assombroso."