Um casal foi preso na madrugada desta segunda-feira (9) depois que o filho adotivo de oito anos foi internado com várias marcas de agressão pelo corpo. Conforme a assessoria de imprensa do Hospital Evangélico, o menino permanecia internado em estado grave na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) até a noite desta segunda.

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. | Foto: Marcos Zanutto/Grupo Folha

Ainda segundo o hospital, a criança foi atendida no domingo (8), por volta das 22h, acompanhado pelos pais. O médico e a enfermeira que realizaram o atendimento constataram se tratar de um caso de agressão por terem encontrado hematomas no corpo e por ter sido diagnosticado com traumatismo craniano. A equipe acionou imediatamente a polícia e o Conselho Tutelar. Os pais foram levados pela polícia e acabaram detidos. A ação foi acompanhada por membros do Conselho Tutelar Centro, que seguem no caso.

Ainda nesta segunda, o casal prestou depoimento ao delegado José Arnaldo Perón. De acordo com ele, a mulher afirmou que ao disciplinar a criança, levou uma mordida no dedo. Foi quando começou a agredir o menino juntamente com o marido. Disseram também que deram chineladas e bateram nele com uma vara, mas afirmaram que a maioria das lesões foram provocadas pela criança que se jogava ao chão", apresentou o delegado.

A mulher assumiu durante o depoimento que deu mordidas na criança, conforme Perón. No entanto, o casal só encaminhou a criança ao hospital quando ela passou a ter convulsões. Os pais adotivos afirmaram à polícia que as agressões foram no sábado (7) e as convulsões no domingo (8). "Mas nós acreditamos que foi no mesmo dia e apenas algumas horas após as agressões, quando a criança começou a passa mal, que levaram ao hospital", disse Perón.

De acordo com o advogado de defesa do casal, Mário Cesar Carvalho Pinto, o casal está com a criança faz um mês e meio. "Eles são religiosos e usam a palavra 'disciplinar'. Eles afirmaram que o menino xingou e avançou na mãe no sábado e, no domingo, teria saído correndo para a rua e ela correu atrás dele para alcançá-lo. Quando o alcançou, disse que iria discipliná-lo e o levou ao quarto. Ela queria bater no bumbum com chinelo e ele começou a se debater. A mãe queria que ele ficasse em pé e, neste momento, o menino mordeu o dedo dela, o marido entrou no meio e aconteceu toda a situação", explicou o advogado.

A defesa afirmou ainda que os pais assumem que, de fato, bateram na criança, mas que não a espancaram. "Ela tem marcas de varas e chineladas. A mãe está machucada também, pois o menino deu uma mordida na mão dela. Ela alega que quando ele mordeu a mão dela, eles começaram a lutar e ele bateu a cabeça. Enquanto a criança mordia o dedão da mão esquerda da mãe, ela segurava as pernas dele com a mão direita e assumiu que mordeu o rosto para fazer com que ele a soltasse", relatou Carvalho Pinto.

O advogado informou que na próxima semana fará o pedido da revogação da prisão preventiva do casal. "Ambos são réus primários, não oferecem riscos à sociedade e também relataram que não tinham problemas com a criança. Por isso, tentarei fazer com que eles respondam o processo em liberdade. Além disso, precisamos descaracterizar a tentativa de homicídio", acrescentou. O homem está preso preventivamente no 4º Distrito Policial e a mulher no 3º Distrito Policial.

"Nunca foi o desejo deles espancar a criança e os pais alegam não terem machucado a cabeça dela. Ambos reconhecem que se excederam na situação e que jamais fariam nada para matar o filho. Eles queriam muito adotar uma criança. Foram para o Mato Grosso e ficaram uma semana fazendo o processo de convivência e foram aprovados em todos os testes psicológicos e demais requisitos. Atualmente, estavam em um processo de pré-adoção. Alegam ainda que essa seria a segunda adoção da criança e que a primeira vez foi devolvido por agressividade", declarou Carvalho.

A defesa informou à reportagem que o casal chegou a Londrina em maio deste ano. "Ela é de Goiânia e ele estava morando em Cascavel. Ele é formado em TI (Tecnologia da Informação) e arrumou um emprego na cidade. Atualmente, eles fazem móveis exclusivos na cidade. Ele tem 27 anos e ela, 23", apresentou.

(Atualizada às 20h40)