As lagartas, os casulos e a máquina de fiação, na Bratac: o Paraná produz o fio, mas o tecido de seda não
As lagartas, os casulos e a máquina de fiação, na Bratac: o Paraná produz o fio, mas o tecido de seda não
Imagem ilustrativa da imagem A nova revolução dos bichos (da-seda)
| Foto: Fotos: Gustavo Carneiro
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Em 2002, o Paraná atingiu o incrível patamar de 9 mil toneladas na produção de casulos do bicho-da-seda. De lá pra cá, o setor produtivo – seja do agronegócio ou outro segmento – enfrentou diferentes adversidades econômicas, crises significativas, e com a sericicultura não foi diferente. Atualmente, o Estado continua sendo o grande produtor nacional, responsável por 83% do volume total, mas com uma produção bem menor: 2,4 mil toneladas na safra 2016/17.

Mas depois de tantos problemas - o que resultou em uma única fiação sobrevivente em todo o hemisfério ocidental de todo o globo, a empresa londrinense Bratac -, a sericicultura começa, gradativamente, a ganhar espaço no agro nacional. Hoje são cerca de 1,8 mil produtores na atividade, todos integrados à empresa, mas com espaço para aumentar esse número. A empresa demanda mais matéria-prima para a produção e tem buscado pelo Estado novos parceiros, prometendo rentabilidade, tecnologia, e uma forma bem estruturada para trabalhar, inclusive com outras entidades envolvidas na cadeia, como Iapar, Emater e universidades. Na próxima quinta-feira (19), inclusive, acontece em Londrina, pela primeira vez, o 16º Encontro Nacional e 35º Encontro Estadual de Sericicultura, reunindo 1,5 mil sericicultores.

A Bratac aponta que na safra 2017/18 entraram na atividade 274 novos produtores. Para o próximo período produtivo, que se inicia em setembro (junho a agosto é a entressafra da atividade) já são mais 300 produtores que estarão em pleno vapor. A empresa necessita de um novo volume de fios justamente para atender o mercado externo (leia mais nesta edição). Uma nova revolução no setor.

A engenheira agrônoma do Deral, Gianna Círio, especialista na atividade, constatou nos últimos anos uma mudança de perfil do sericicultor. "Antes, tínhamos produtores com 30 anos na atividade. Eles foram se aposentando e chamando os filhos para trabalhar, ou seja, nesses encontros realizados já percebemos um perfil mais jovem. Como é uma troca de pessoas, ainda não vemos uma diferença significativa no número de produtores ou aumento de área". Nas últimas três safras, a produção está estabilizada em 2,4 mil toneladas de casulo.

Para ela, o momento é interessante para a sericicultura justamente porque a cadeia está bem fechada, uma sinergia importante entre produtores, indústria, aplicação de tecnologias, pesquisa e extensão rural, inclusive com propriedades modelos de referência para atrair novos produtores. Se a média do Estado é uma produção de 622 quilos por hectares, existem alguns produtores que já conseguem ultrapassar a casa dos 1,2 mil quilos por hectare. "Tudo isso é possível devido a novas metodologias de produção, mecanização dos barracões, e técnicas para incrementar a produtividade das amoreiras (a comida do bicho-da-seda), com irrigação, adubação, adubação foliar, manejo de solo e espaçamento."

Para Círio, o caminho para o futuro da atividade está claramente ligado à profissionalização do produtor, aplicando todas essas tecnologias, mas também, quem sabe, buscando uma maior agregação de valor ao produto, já que o Estado produz o fio, mas não o tecido de seda. "Uma ideia, quem sabe, seria até expandir as confecções artesanais e, talvez, inserir a mulher produtora neste contexto."