Imagem ilustrativa da imagem Folha Confere - O Coronavírus é sensível a temperatura e pH?

Mensagens enganosas têm circulado nas redes sociais afirmando que países tropicais não deveriam temer a Covid-19 no verão, pois o vírus não sobreviveria a temperaturas superiores a 36oC. Já um cartaz exposto em um mercado brasileiro sugere que se consumam alimentos ácidos a fim de modificar o pH do corpo e evitar que o vírus o contamine. Entretanto, essas informações são falsas. Quem conta a relação do vírus com a temperatura e pH é o Doutor Walton Luiz Del Tedesco Jr. Ele é infectologista e atua na Santa Casa de Londrina e no Hospital Universitário da Universidade Estadual de Londrina.

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Temperatura

O Doutor Walton já anula a mensagem sobre a temperatura em uma constatação simples: a temperatura corporal varia em torno dos 36oC. Se o novo coronavírus morresse a essa temperatura, ele não seria capaz de contaminar um ser humano. A verdade é que o vírus pode suportar temperaturas até 55oC a 60oC. Tedesco lembra que a ação do sistema imunológico faz com que a temperatura do corpo se eleve, causando febres que podem chegar aos 40 oC. Como a febre é uma resposta do organismo, e não uma forma propriamente dita de combate ao vírus, o médico recomenda que pacientes sintomáticos para febre não desprezem o uso de medicamentos antitérmicos durante seu tratamento.

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| Foto: iStock

Porém, o médico ainda ressalta que, apesar da temperatura ambiente não ser capaz de eliminar o vírus, ela pode influenciar em sua proliferação. “A tendência, tanto do coronavírus como de boa parte dos vírus respiratórios, é que eles repliquem melhor em temperaturas mais baixas” – explica o médico. Esse é um dos motivos de haver surtos de gripe no inverno. Outro fator é que, nas estações mais frias, é comum que a população se concentre em ambientes fechados, com pouca circulação de ar. Porém, o que se observa no comportamento do Sars-CoV-2 é que “ele se deu muito bem inclusive no verão de alguns países e em países tropicais” – relata Tedesco. O fato é que epidemias foram relatadas em diversos países independentemente de clima, região ou estação.

pH

Já quanto ao pH, mais de um elemento caracteriza a informação como incorreta. A escala do pH é medida e uma régua que vai de zero a 14, em que a extremidade inferior é ácida e a superior é básica, sendo neutra no meio. Produtos como o limão e o vinagre são considerados ácidos, enquanto o sabão é básico, e a água, neutra. No cartaz, os produtos considerados ácidos são referidos como “alcalinos”, o que já é um deslize científico, pois o termo “alcalino” é sinônimo para básico. Outro dado falso é de que os alimentos ácidos seriam os de pH superior a 5,5. Na verdade, conforme a escala, são ácidos aqueles de pH inferior a 7.

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O Doutor explica que o novo coronavírus fica alojado em nossos corpos dentro das células humanas, sobrevivendo ao mesmo pH padrão do organismo. O doutor conclui que “não é tomar um suco de limão ou mudar a sua alimentação que você vai ter um efeito drástico no seu pH sanguíneo e isso vai acabar com o vírus – é outra invenção”. Da mesma forma, o uso de composto ácidos, como o vinagre, na higienização de objetos e superfícies não é eficaz. Para eliminar microrganismos de materiais e mãos é recomendado que se utilize o álcool 70%, sabão ou detergente.

Para se proteger, O Doutor Walton indica que a melhor medida para se evitar o coronavírus ainda é o isolamento social e que não adianta “ficar inventando alimentações, medicamentos, substâncias ou temperaturas diferentes. Ainda é o isolamento social até chegar a vacina”.

As publicações que dispersaram essa informação falsa não se valem de argumentos científicos ou dados concretos, característica que deve sempre causar desconfiança ao leitor. Se você receber uma informação suspeita, não deixe de enviar para o Folha Confere por meio deste formulário (https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSd38WzlKEa0f0aAzzCO29kF22I7Ii6igmzsIK9I-2L7DCYpFw/viewform) ou utilizando a hashtag #FolhaConfere nas redes sociais.

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