Espírita, Conceição da Silva atua em um projeto de assistência a gestantes carentes. Veja vídeo utilizando a tecnologia da Realidade Aumentada
Espírita, Conceição da Silva atua em um projeto de assistência a gestantes carentes. Veja vídeo utilizando a tecnologia da Realidade Aumentada | Foto: Ricardo Chicarelli



A Bíblia está repleta de passagens recomendando as boas ações e a obra em favor do próximo. Por isso mesmo muitos dos grupos de voluntariado são ligados a entidades religiosas. É claro que ninguém precisa estar ligado a algum grupo ou mesmo ter a crença em algum ser superior para servir ao próximo, mas ter a companhia de pessoas que pensam da mesma maneira pode ser um motivador.

Há 18 anos a autônoma Conceição Aparecida Delposito da Silva atua de forma voluntária em um projeto de assistência a gestantes carentes, o Projeto Nascer, da Casa Fabiano de Cristo, no Jardim Olímpico, zona oeste de Londrina. Espírita, atualmente ela é coordenadora do grupo de voluntários, que atende até 20 gestantes a cada semestre, dando noções de cuidados com a saúde materna, do bebê e também doando o enxoval básico para a criança.



"Orientamos sobre cuidados de higiene e saúde da mãe, a importância de não usar drogas, os cuidados com o corpo e sobre a saúde e alimentação do bebê, além de informações sobre os primeiros dias de vida. Falamos desde a anatomia até os cuidados depois do parto, inclusive sobre os cuidados para a contracepção. Nosso objetivo é orientar a mulher a cuidar mais de si e do bebê", explica.

O grupo é formado por Silva e mais duas voluntárias. O trabalho foi iniciado há 18 anos no bairro e funcionou em diversos locais até a casa atual. Silva conta que até uma escola e a garagem de uma igreja evangélica já serviram de sede para o projeto, que apesar de ser desenvolvido em uma casa espírita, atende a todos indistintamente.

Durante o curso, que tem duração de 15 semanas, as futuras mamães também aprendem a fazer trabalhos manuais, podendo assim preparar algumas peças do enxoval, como mantas e paninhos de boca do bebê. As outras peças – das fraldas à banheira, passando por kit de higiene, macacões, shorts e camisetas ou calças e blusas de manga, conforme a estação -, são doadas pela comunidade ou compradas com recursos de doações. Para a voluntária, observar os cuidados das mães para com as crianças, ver que algumas fizeram do artesanato uma fonte de renda para a família e até que elas aprenderam sobre ter uma nova gravidez no momento mais oportuno para o casal são pequenas recompensas.

"Eu amo ser voluntária, me realizo como pessoa. Deixo meus afazeres em casa porque me satisfaz estar aqui. Eu já era espírita quando vim para Londrina e buscava um lugar para trabalhar. Isso para mim é algo que já vem de berço e o Evangelho já diz que fora da caridade não há salvação. Não tem o que pague auxiliar os menos favorecidos, cada dia aprendo mais com isso", diz ela.

Além do trabalho com as gestantes, a Casa Fabiano de Cristo também oferece cursos de artesanato para a comunidade, distribui cestas básicas e alimentos recebidos por doação, faz um bazar solidário e em parceria com o Núcleo Espírita Irmã Scheilla prepara adolescentes para o mercado de trabalho, entre outros trabalhos voluntários.

Gessy Aleixo Medri (à frente) e integrantes do grupo da Igreja Adventista que prepara e distribui semanalmente 130 marmitas vegetarianas a pessoas em situação de rua em Londrina
Gessy Aleixo Medri (à frente) e integrantes do grupo da Igreja Adventista que prepara e distribui semanalmente 130 marmitas vegetarianas a pessoas em situação de rua em Londrina | Foto: Saulo Ohara



'Cada um tem um dom e todos abraçam a causa'
Foi com a mãe que a educadora física aposentada Gessy Aleixo Medri aprendeu a trabalhar em favor do próximo. A vocação de ambas encontrou eco na Igreja Adventista, da qual fazem parte. Hoje Medri dá aulas de educação física voluntariamente para membros da comunidade religiosa e também dos moradores da vizinhança.

"Acho que nasci para ajudar os outros. Faço bolo e geleia e doo para os vizinhos, arrumo o jardim. Quero que meus vizinhos me vejam como uma pessoa querida. Minha mãe já fazia ações solidárias e a filosofia da Igreja casou com o meu jeito de ser", explica.
O voluntariado é incentivado na comunidade adventista, que tem dois grupos de ação solidária: a Adra (Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais), organismo mundial que atua em tragédias e catástrofes; e a Asa (Ação Solidária Adventista), que atua localmente segundo cada igreja. "Esse trabalho é feito de diferentes formas. Distribuímos roupas, sapatos, brinquedos, podemos promover palestras familiares, como sobre finanças ou sobre o Alzheimer", conta o líder da Comunidade Adventista de Londrina, Wendys Fredy Lourenço.

Semanalmente um grupo de voluntários da comunidade se reúne para preparar cerca de 130 marmitas, todas vegetarianas segundo os preceitos da Igreja, que serão distribuídas para pessoas em situação de rua em Londrina. A cada semana é um grupo diferente da comunidade, que prepara e cozinha os alimentos no início da tarde de sábado e depois percorre alguns pontos da cidade. Também são oferecidos roupas e cobertores.

"Não há obrigatoriedade que um adventista seja vegetariano, há quem não seja, mas sabemos que o melhor para a saúde é a alimentação vegana. Os alimentos são doados por membros da nossa comunidade e por pessoas fora dela", explica o líder.

"Também atuamos em datas como Páscoa, quando distribuímos chocolate em alguma creche e no Natal. Neste ano planejamos fazer uma ceia para os moradores de rua, mas um outro grupo também está querendo fazer algo junto aos idosos, então devemos fazer as duas coisas", diz Medri.

Lourenço explica que na concepção dos adventistas todos fomos salvos para fazer coisas boas, por isso eles seguem a ordem de Jesus para fazer o bem àqueles que têm necessidade. "E procuramos ensinar os mais jovens a fazer isso também. Há voluntários que levam seus filhos para distribuírem as marmitas e um dos grupos que prepara os alimentos é composto pelos jovens da nossa comunidade", conta ele.

Os profissionais que fazem parte da comunidade também são incentivados a doar algo segundo o seu conhecimento profissional. Desta forma, assim como Medri dá aulas voluntariamente, outros membros podem fazer orientação familiar e outros desenvolvem atividades relacionadas à saúde, as chamadas Ruas da Saúde. "Cada um tem um dom e todos abraçam a causa", afirma Gessy Medri. (E.G)