Imagem ilustrativa da imagem TELEFONIA - Linha direta com economia circular e energia renovável
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Com o crescimento no uso de serviços de telefonia móvel, cresce também a responsabilidade das empresas do setor sobre o impacto ao meio ambiente. O consumo de energia e a infraestrutura das operadoras de telefonia se expandem à medida que aumenta a sua atuação dentro do País. A necessidade de renovação da infraestrutura também é uma exigência trazida pelas mudanças tecnológicas.

"A renovação da tecnologia é algo que não conseguimos evitar. A tecnologia do celular, as formas de frequência evoluem cada vez mais rápido", pontua Mariana Schuchovski, consultora e professora de Sustentabilidade no ISA/FGV e na Faculdade da Indústria, em Curitiba. "O que acho preocupante e pertinente é que a cada vez que a tecnologia muda, uma série de resíduos são gerados. Tudo o que se tinha não serve mais", diz Schuchovski.

Para ela, é importante que todos esses resíduos sejam aproveitados da melhor forma possível no que é chamado de economia circular. "A economia circular é uma coisa nova, que as empresas começam a pensar. O conceito de economia circular não só é importante, como a o único caminho para seguir com um modelo de desenvolvimento sustentável", enfatiza a docente. Segundo ela explica, o conceito de economia circular leva em consideração não só a reciclagem, mas também a integração da cadeia produtiva.

O aproveitamento de estruturas existentes para atender necessidade de novos serviços também é uma alternativa interessante. Um exemplo é o uso de postes para iluminação pública - e ao mesmo tempo - para instalação de antenas de telefonia móvel.

Para melhorar a cobertura sem afetar a paisagem urbana das cidades, a Tim começou a usar biosites, um poste metálico que mantém uma Estação Rádio-Base em seu interior. Conforme a assessoria de imprensa, já há cerca de 60 biosites instalados no Estado, e a expectativa era que em 2018 fossem instaladas mais 107. Curitiba foi a primeira cidade a receber o equipamento, em 2014, e a operadora estuda a implantação de biosites também em Londrina. "O projeto tem a multifuncionalidade como uma das principais características. Além de ser uma solução para a melhoria da qualidade dos serviços de dados e voz da operadora na capital, sua estrutura pode ser utilizada como alternativa para a iluminação pública e para câmeras de vigilância, conforme o interesse das administrações municipais e das companhias de energia", diz nota da assessoria de imprensa. Outra vantagem da estrutura, segundo a operadora, é a agilidade da instalação.

LOGÍSTICA REVERSA
Na visão de Flávio Borsato, diretor de Engenharia e Operações da Sercomtel, a geração de resíduos através do descarte de eletrônicos é o principal impacto que uma empresa do setor de telefonia tem sobre o meio ambiente. "Tudo está sendo substituído pelo aparelho celular, que tem um ciclo de vida médio de três anos. Hoje o que mais afeta o meio ambiente é a produção de smartphones, que acabam sendo substituídos por novas gerações."

As operadoras também possuem programas de reciclagem de eletrônicos. A Claro recolhe baterias, celulares, tablets e acessórios fora de uso em 1 mil pontos de coleta localizados em suas lojas. O material é enviado a uma empresa parceira de São Paulo que faz a desmontagem e a descaracterização dos itens e os encaminha a indústrias como matéria-prima. "Os itens descartados vão para indústrias que podem reaproveitar o cobre e o plástico dos materiais para a criação de outros produtos. No caso das pilhas e baterias, elas são direcionadas para aterros como resíduo industrial perigoso controlado", explicou a assessoria de imprensa. Segundo a operadora, até dezembro de 2017, já foram recolhidos mais de 111 mil celulares e mais de 149 toneladas de materiais.

A Telefônica possui um programa de logística reversa dos aparelhos de seus clientes. Na telefonia fixa, só em 2017, a operadora recolheu diretamente com o cliente 450 toneladas de equipamentos com defeito ou ao término do contrato. O material passa por triagem e é recuperado ou desmontado para reciclagem dos componentes, afirma a assessoria de imprensa. Na telefonia móvel, uma urna é colocada nas lojas e revendas para recebimento de celulares, baterias e acessórios e destinação adequada dos componentes.

"Desde o início, o projeto já recolheu 4,8 milhões de itens, garantindo a destinação de 100 toneladas de resíduos. Somente em 2017, recolhemos 122 mil aparelhos, o equivalente a 8,1 toneladas", diz a assessoria. O material proveniente da infraestrutura da companhia (equipamentos ou cabos) também passa por processo de logística reversa. Em 2017, 7,5 mil toneladas de resíduos de infraestrutura foram recicladas. Com essas ações, a operadora garante que recicla mais de 96% dos resíduos gerados em sua operação. "Os outros 4% são materiais que atualmente não possuem tecnologia para sua reciclagem, mas que são destinados de maneira ambientalmente adequada, conforme a legislação vigente", completa.

Na visão de Joanes Ribas, executiva de Sustentabilidade da Vivo, a própria natureza do serviço de telecomunicações contribui para o desenvolvimento sustentável. "Entendemos que a própria natureza de nosso serviço contribui diretamente para o desenvolvimento sustentável, ajudando a reduzir as emissões de carbono, por exemplo, por meio da redução dos deslocamentos da população, digitalização de processos e de um maior controle sobre o consumo de energia."

NOVA MENTALIDADE

Para Schuchovski, a mudança de mentalidade nas empresas é também questão de sobrevivência, já que no longo prazo os consumidores irão optar por consumir ou não de empresas com práticas de sustentabilidade. "As empresas que não pensarem em um modelo sustentável estarão fadadas a desaparecer. Não é coisa para amanhã, é um processo de transformação."