O Grupo Vilela, empresa de insumos, produção e comercialização de grãos de Cornélio Procópio (Norte Pioneiro), entrou, na semana passada, com pedido de recuperação judicial. A juíza Thais Terumi Oto, da 1ª Vara Civil da Comarca de Cornélio Procópio, deve proferir a decisão nos próximos dias. Em nota, o grupo informou que a medida “tem como objetivo preservar os empregos de seus colaboradores e os interesses dos credores”.

De acordo com o advogado Alan Rogério Mincache, do escritório Federiche Mincache Advogados, que está assessorado a empresa na elaboração do plano de recuperação, em parceira com a EXM Partners, a crise do setor, a desvalorização do real e a instabilidade gerada pela crise política, aliados com a frustração de safras, contribuíram para as dificuldades financeiras da empresa.

O advogado afirmou que, com a quebra das últimas safras, os produtores deixaram de saldar suas dívidas com a empresa, que absorveu os prejuízos. “É um soluço, mas que baseado em uma análise criteriosa não conseguiria passar sem um remédio judicial”, declarou Mincache. “A empresa já buscou alternativas para sair da crise, mas o mercado não vem reagindo e já se está falando em quebra de safra”, completou.

A Vilela acumula cerca de R$ 600 milhões em dívidas, a maior parcela com instituições financeiras. Segundo o advogado, os estudos da situação financeira mostram que é possível quitar as dívidas. “Entendemos que ela [dívida] vai conseguir ser superada. Nos próximos 60 dias vamos apresentar a proposta de regularização das dívidas com os credores. A empresa está disposta a buscar alternativas [para sanar as contas] como a venda de ativos”, disse Mincache.

O advogado afirmou que o pedido de recuperação judicial tem o objetivo de deixar transparente as informações financeiras e as condições necessárias para quitar os débitos. “O compromisso da empresa é saldar as contas com todos os credores”, frisou.

A empresa gera aproximadamente 200 empregos diretos e mais de 600 empregos indiretos em toda a sua região de atuação. Segundo o advogado, já foram feitas adequações no quadro de funcionários e deve haver demissões. “Os funcionários que permaneceram foram alocados nos quadros da empresa e não se pretende fazer demissões”, disse.

O pedido de recuperação judicial não deve ter grande impacto nos produtores rurais da região do Norte Pioneiro. De acordo com a Sociedade Rural da Região de Cornélio Procópio, o volume de grãos estocados pela empresa é pequeno. “É apenas um resíduo da safra e a empresa já falou que, o juiz homologando a situação, eles vão quitando as contas com os produtores”, afirmou João Ataliba de Resende Neto, presidente da Sociedade Rural.

Resende Neto ressaltou que o clima entre os produtores é tranquilo. “Não tem ninguém apavorado. É um baque, mas estava complicado para eles [Vilela] desde o ano passado”. O grupo atua na região Norte do Paraná com 12 unidade de venda de insumos e compra de grãos.