O Ibovespa renovou máximas intradia e de fechamento nesta quinta-feira, 12, em meio ao entusiasmo suscitado pela elevação da perspectiva para o Brasil pela agência Standard & Poor's, anunciada na noite anterior, assim como pela porta aberta deixada pelo Copom para novo corte de juros, após a redução da Selic a nova mínima histórica, a 4,50%. Por volta das 16h30, o principal índice da B3 tocava novos picos, com o relato da TV Bloomberg de que os Estados Unidos chegaram a um acordo comercial com a China em princípio, que agora aguarda aprovação do presidente americano, Donald Trump. Em Nova York, os três índices fecharam o dia com ganhos entre 0,73% e 0,86%, com S&P 500 e Nasdaq em novas máximas históricas de encerramento.

A notícia causou entusiasmo em Wall Street, levando os índices de NY às máximas da sessão. Assim, o Ibovespa fechou em alta de 1,11%, aos 112.199,74 pontos, não muito distante do pico intradia, oscilando entre mínima de 110.963,08 e máxima de 112.444,74 pontos durante a sessão. Na semana, o índice passa a acumular ganho de 0,97% e, no mês, de 3,66%. Em 2019, avança 27,66%. Das nove sessões realizadas em dezembro, apenas duas foram negativas - e, ainda assim, levemente: baixa de 0,13% na segunda e de 0,28% na última terça-feira. O volume financeiro hoje foi de R$ 21,6 bilhões.

"Com a melhora da perspectiva anunciada ontem, a sinalização dada pela S&P é muito importante, na medida em que ela costuma ser a primeira entre as principais casas de classificação de risco de crédito a tomar posição, liderando o processo. Dá para contar com recuperação do grau de investimento até o fim do ano que vem", diz Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da Levante. "Conversando com colegas, já é possível ver aumento de interesse entre os estrangeiros", acrescenta.

O fluxo do investimento estrangeiro na Bolsa brasileira, carregada até aqui basicamente pelos domésticos, é a chave para testar o fôlego do Ibovespa em direção a novas máximas. A eventual superação, ainda que sem um acordo em definitivo, na disputa comercial entre EUA e China, bem como a recuperação das notas de crédito pelas agências internacionais de classificação de risco são fatores essenciais para a retomada dos fluxos estrangeiros, apontam analistas.

O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, disse hoje que há uma tendência de que as demais agências de classificação de risco olhem a economia brasileira com "mais cuidado", após a S&P ter melhorado a perspectiva da nota do País. "Quando uma agência melhora, todas as outras olharão os dados com mais cuidado. Acho que outras agências vão ter que claramente olhar para esse cenário mais positivo", disse, destacando as cerca de 30 empresas que também tiveram melhora no rating.

Para Bevilacqua, da Levante, o ajuste fiscal e os cortes já acumulados na Selic começam a produzir efeitos positivos sobre a confiança dos agentes econômicos e sobre o ritmo de atividade, com consequências positivas para 2020. "Com a questão fiscal encaminhada e o crescimento econômico, estamos saindo do lodo", diz o estrategista da Levante, com referência para o Ibovespa a 115 mil pontos no fechamento de 2019.

Dos 68 papéis que compõem a carteira teórica do Ibovespa, 14 fecharam em baixa nesta sessão. A ação PN da Petrobras subiu 1,88%, com o petróleo em alta na casa de 0,7% no fechamento da Nymex. Outro carro-chefe, Vale ON, avançou 2,16%.