1. Durante muitos anos eu militei na esquerda. Com base na experiência pessoal, posso dizer que os esquerdistas se dividem basicamente em dois grupos: os histéricos e os psicopatas. Os histéricos constituem a grande maioria; os psicopatas são uma elite. Eu era um histérico, ou seja, acreditava naquilo que dizia a mim mesmo, não na realidade dos fatos. Há uma famosa frase de Marx, o Groucho: “Você vai acreditar em mim ou nos seus próprios olhos?” O esquerdista não tem a mínima dúvida em preferir o testemunho do partido ao testemunho do bom senso.

Imagem ilustrativa da imagem Reflexões de um ex-comunista
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2. Há muitas pessoas de boa fé entre os esquerdistas histéricos, mas é quase impossível convencê-los mediante argumentos racionais. O esquerdista comum geralmente está mergulhado em espessas camadas de autoengano, que só a muito custo podem ser removidas. Na maioria das vezes, o sujeito abandona a esquerda depois de uma terrível decepção pessoal, que lhe abre os olhos para a realidade. Quem assistiu ao filme “Matrix” deve se lembrar da cena em que são oferecidas duas pílulas ao personagem Neo: uma azul e uma vermelha. Se escolher a azul, Neo continuará vivendo na ilusão. Se escolher a vermelha, descobrirá a realidade. Por isso, nos círculos conservadores, costumamos dizer quando alguém se liberta da esquerda: “Ele tomou a redpill”. Naturalmente, essa cor vermelha não é a do comunismo, mas a do sangue dos inocentes.

3. Uma das ilusões a que eu me apegava em minha época de militante era o mito do “stalinismo”. Quando estudava a história do comunismo, atribuía a Josef Stálin (1878-1953) toda a responsabilidade pelos crimes cometidos na União Soviética e outros países socialistas. Stálin havia “deturpado Marx” e “traído Lênin”. Ele era, no dizer de seu rival Trotsky, “o coveiro da Revolução”. Ora, foram necessários alguns anos para que eu descobrisse que os crimes de Stálin eram nada mais e nada menos que a realização mais perfeita da doutrina comunista. A mesma coisa se pode dizer de outro grande genocida, Mao Tsé-tung (1893-1976).

4. Imagine você se alguma figura da direita aparecesse hoje em dia dizendo o seguinte: “O hitlerismo foi uma distorção do verdadeiro nazismo”. Seria, com toda razão, um escândalo. Pois é exatamente o que fazem alguns de nossos intelectuais esquerdistas, quando proclamam: “O stalinismo foi uma distorção do comunismo”. Nada pode estar mais longe da verdade. Como diz o historiador Simon Sebag Montefiore, Stálin não teria sido possível sem Lênin. “Ainda é disseminada a crença de que o stalinismo foi uma distorção do leninismo. Mas isso é contraditado pelo fato de que Lênin promoveu Stálin sempre que possível. Foi Lênin, sozinho, que empurrou os bolcheviques para o derramamento de sangue frenético”, escreveu Montefiore em 2007.

5. Dizer que Stálin nada tem a ver com Lênin ou o comunismo equivale a afirmar que Hitler não tem relação com Himmler e o nazismo. A diferença é que Lênin foi o chefe de Stálin, e Hitler foi o chefe de Himmler. Por isso, eu continuo dizendo: — O esquerdista histérico é um iludido, o esquerdista histórico é um psicopata.