Com muita tristeza, recebi neste domingo a notícia da morte do ex-jogador Kobe Bryant e de sua filha Gianna Maria, em um trágico acidente de helicóptero nos arredores de Los Angeles. Não preciso entrar em detalhes sobre quem a importância de Bryant para o basquete mundial — a Folha de Londrina e a mídia em todo o planeta já fizeram isso. Para os meus sete leitores, gostaria de entrar em um aspecto da vida do astro: a sua religiosidade.

Kobe Bryant era católico. Nascido em 1978, no estado americano da Pensilvânia, mudou-se aos seis anos com a família para a Itália, onde seu pai, Joe, atuou como jogador profissional até 1990. Criado na religião católica, Kobe desenvolveu uma afeição muito grande pela Itália, torcia para o Milan e falava fluentemente a língua do país. De volta aos Estados Unidos, tornou-se um dos mais jovens atletas de todos os tempos na NBA (liga profissional americana). Em 2001, casou-se com Vanessa Laine, também católica, numa paróquia em Dana Point, Califórnia.

Em 2003, aos 25 anos, Kobe passou pelo período mais difícil de sua vida: ele foi acusado de estupro pela funcionária de um hotel no Colorado. De repente, o mundo caiu para o astro. Ele foi exposto e criticado em rede nacional; perdeu patrocinadores importantes; suas camisetas deixaram de ser vendidas; sua imagem pública foi aniquilada.

Kobe admitiu ter traído a esposa, mas sempre negou a acusação de estupro. Mesmo assim, pediu perdão à jovem que o acusou e à sua própria família. Após um ano, Kobe foi declarado inocente pela Justiça.

Numa entrevista concedida em 2015, o jogador rememorou esse difícil episódio e apontou a principal razão de ter superado a crise: “Perder patrocinadores era, na verdade, a última das minhas preocupações. Tinha medo de ser preso? Sim. Tinha 25 anos, cara. Estava aterrorizado. Mas a única coisa que realmente me ajudou naquele momento — sou católico, cresci como católico, meus filhos são católicos — foi falar com um padre”. O sacerdote disse a Kobe, na ocasião: “Deus não lhe dá nada que você não possa suportar, e tudo está nas mãos dEle agora. Isso é algo que você não pode controlar. Portanto, deixe as coisas acontecerem.” Segundo o astro, essa breve conversa foi um momento decisivo em sua vida.

Mesmo depois do escândalo, Vanessa manteve o casamento com Kobe Bryant por alguns anos, e chegaram a ter mais uma filha. Em 2011, porém, ela pediu a separação. Felizmente, dois anos depois, os trâmites do divórcio foram interrompidos e eles se reconciliaram. Em junho do ano passado, nasceu Capri Kobe Bryant, a filha mais nova do casal.

A vida de Kobe Bryant é um exemplo notável da esperança oferecida por Jesus Cristo: ele errou, desceu às profundezas, mas pediu perdão e o obteve, oferecendo um exemplo de vitória sobre o pecado. Sua trajetória ilustra a frase que certo um dia ouvi de um professor e nunca mais esqueci: “O perdão é a lei estrutural do universo”.

Que Deus receba Kobe Bryant e Gianna Maria em Sua infinita misericórdia.