Um livro fundamental para quem deseja entender o comunismo é “Arquipélago Gulag”, de Aleksandr Soljenítsin, o ex-prisioneiro dos campos de concentração soviéticos e ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1970. Destaco hoje algumas passagens em que o célebre escritor descreve torturas comumente aplicadas pelo regime contra milhões de cidadãos comuns e inocentes, ainda na fase inicial do processo. Acredite: as torturas descritas a seguir são apenas o começo das torturas para as vítimas do comunismo.

“Uma forte luz elétrica, ligada 24 horas por dia na cela ou no compartimento, uma lâmpada demasiadamente brilhante para um ambiente pequeno com paredes brancas. As pálpebras ficam inflamadas, é muito doloroso.”

“A cadeia começa pelo compartimento, ou seja, um cubículo ou armário. A pessoa acabou de ser tirada da liberdade, ainda está passando por um movimento interno, e é trancada numa caixa, onde ela só pode ficar em pé, e ainda comprimida por uma porta. E ela mantida ali por algumas horas, por doze horas, por um dia inteiro.”

“[A prisioneira] foi posta num banquinho — de modo que não conseguia se apoiar em nada, nem dormir, nem cair, nem se levantar. Isso por seis dias! Tente ficar assim por seis horas.”

“Simplesmente ficar em pé, sem comer e sem beber. Um dia inteiro já é o bastante para uma pessoa perder as forças e testemunhar o que eles quiserem.”

“A privação de sono tornou-se uma ferramenta universal, passando de uma categoria de tortura ao próprio regulamento de Segurança do Estado. Em todas as prisões provisórias, é impossível dormir um minuto sequer, do toque da alvorada ao toque do recolher. E os interrogatórios são todos de madrugada.”

“Na série de investigadores, você não só não dorme como é interrogado sem parar, durante três ou quatro dias inteiros, por investigadores que se revezam em turnos.”

“A cela pode ser até ruim, mas a solitária é pior; em comparação com ela, a cela fica parecendo um paraíso. Na solitária, a pessoa é extenuada pela fome e pelo frio (embora haja também solitárias quentes). Nos primeiros minutos, você pensa: não vou suportar nem uma hora. Mas, por algum milagre, a pessoa aguenta ali os seus cinco dias.”

“[O prisioneiro] foi trancado nu dentro de um nicho de concreto, de modo que não conseguia dobrar os braços, nem endireitar os braços ou mudá-los de lugar, nem virar a cabeça.”

“Não é um método raro arrancar, pela fome, a confissão de um preso. A módica ração prisional, em 1933, um ano sem guerra, era de 300 gramas; em 1945, na Lubianka, de 450;

o jogo de permitir ou proibir a entrega e o escambo era aplicado a todos sem distinção, era universal.

“As surras que não deixavam rastros. Batem com borracha, batem com maços, com sacos de areia. Dói muito quando batem nos ossos; a bota do investigador na canela, por exemplo, onde o osso está quase na superfície. O comandante de regimento Karpunich-Braven foi surrado por 21 dias seguidos. (Agora ele diz: “Mesmo depois de trinta anos, todos os ossos e a cabeça doem”.) Relembrando as próprias, e pelos relatos, ele conta 52 métodos de tortura.”

E tudo isso — volto a dizer — era apenas o começo do inferno. Voltarei ao assunto.

#ComunismoÉCrime