Imagem ilustrativa da imagem A guerra está entre nós
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Durante o II Fórum EDA, no início de junho, tive a honra de conhecer pessoalmente Fábio Costa Pereira, procurador de Justiça do Rio Grande do Sul, respeitado estudioso das área de segurança e defesa e presidente da Associação Brasileira dos Estudos da Inteligência e Contrainteligência (ABEIC). Em sua excelente palestra, Fábio abordou a crise da União Europeia e suas implicações para o futuro do Brasil. Face aos acontecimentos da política nacional nos últimos dias, gostaria de compartilhar com vocês um brilhante artigo do mesmo autor sobre o conflito global em que estamos mergulhados:

“Após o final da Segunda Guerra Mundial, os então aliados durante o conflito contra os chamados países do Eixo (Alemanha, Japão e Itália), Estados Unidos e União Soviética, rapidamente tornaram-se adversários que buscavam o protagonismo no cenário internacional.

Através de uma comunicação do diplomata George Kennan, diretamente de Moscou, que passou para história como o Long Telegram (olha que coincidência!), o qual informava que os soviéticos estavam se infiltrando em movimentos estudantis, sindicatos e igrejas no continente europeu, com o fim de expandir o seu poder e influência, muita coisa mudou na política de Washington com relação aos soviéticos, sendo criada, inclusive, a CIA.

Esta época ficou conhecida como Guerra Fria, onde as tensões entre os antagonistas eram constantes. No entanto, ‘nenhum tiro’, no período, foi disparado entre os contendores.

Apesar da história oficial, não foi bem assim que os antagonismos se passaram.

Durante a duração da Guerra não tão Fria, ocorreram, em inúmeras oportunidades e em diferentes lugares ao redor do globo, as conhecidas Guerras por Procuração , onde os dois grandes se utilizavam de terceiros, os mandatários das guerras, para se medirem em combate, tais como ocorreu na Coreia (1950/1954), no Vietnã (1955/1975) e no Afeganistão (1979/1989).

Com a queda do Muro de Berlim e o fim da União Soviética, a tal Guerra Fria terminou (ao menos era o que se pensava), e o mundo ingressou em um período histórico chamado de Globalização.

A Guerra Fria que se julgava extinta, na segunda década dos anos 2000, com o crescimento da Rússia e da retomada de seu ideário expansionista, bem como da China com o estabelecimento de sua nova Rota da Seda, tal como a Phoenix, ressurgiu.

Alguns dizem tratar-se de Nova Guerra Fria, com a adoção de estratégias beligerantes já conhecidas, tais como novas versões das guerras por procuração (New Proxy War).

A diferença entre ambos períodos históricos é que, agora, a atual guerra fria/por procuração está cercada por novos matizes.

Ao teatro de guerra por procuração convencional foi incorporado, ao lado da terra, do ar, do mar e do espaço, um novo elemento, o universo cibernético.

Nele, todos os dias, ferozes batalhas são travadas, direta ou indiretamente, por hackers e crackers identificados, oficialmente ou não, com um dos lados.

Portanto, a sabedoria da coisa é entender se estamos, em muitas hipóteses, como nação, sendo utilizados como palco de uma destas ‘sangrentas’ batalhas por procuração.

Na minha opinião, parece que sim.”