Em meio às notícias de terremotos, tsunamis, enchentes e outros desastres naturais que têm sido veiculadas pela imprensa mundial recentemente, a ONU (Organização das Nações Unidas) divulgou, no dia 10 de outubro, um levantamento sobre os custos desses efeitos ao mundo feito por seu Escritório para a Redução de Riscos de Desastres, com a colaboração da Universidade Católica de Louvain, na Bélgica. Segundo os dados, nos últimos 20 anos foram gastos quase US$ 3 trilhões para cobrir os prejuízos gerados por 7.200 ocorrências graves. Dessas, 91% tinham relação direta com o clima.

Mais que as elevadas somas, o estudo constatou que as populações mais pobres do planeta e que menos contribuem para as mudanças climáticas estão sendo as mais afetadas pelo comportamento de sociedades ricas em outras partes do mundo. Porém, essa cifra, diante das receitas, do reflexo desse gasto em seu PIB, é que faz a diferença. Enquanto nos países desenvolvidos os custos representaram apenas 0,4%, nos mais pobres as perdas representaram em média 1,8%. O Haiti teve um impacto superior a 100% do seu PIB, analisa a ONU.

Além da destruição de cidades, estradas, há que se levar em conta as mortes provocadas por esses desastres que, no mesmo período, totalizaram 1,3 milhão de vítimas em todo o mundo. Outras 4,4 bilhões foram obrigadas a deixar suas casas, ficaram feridas ou precisaram de algum tipo de ajuda assistencial. Segundo a ONU, a chance de morte provocada por desastres em países pobres é sete vezes maior do que nos países ricos, explicitando também a disparidade entre a proteção de ricos e pobres diante de uma nova realidade ambiental, provocada especialmente pelas emissões de CO2 e o aquecimento que o mundo já experimenta e que tende a se agravar.

Há ações que buscam o comprometimento de muitos países em reduzir os efeitos das mudanças no clima, como os encontros e acordos climáticos que vêm sendo firmados desde 1972. Mas há também mudanças incompreensíveis de comportamento, como a dos Estados Unidos, que entre as primeiras decisões do presidente Donald Trump, ao assumir o governo, anunciaram a saída do Acordo de Paris, o último desses acordos mundiais, alegando que o pacto climático "é desvantajoso" para os interesses da economia e dos trabalhadores americanos. Porém, segundo o estudo da ONU, os EUA lideram o ranking de custos provocados pelos desastres climáticos em números absolutos nesse mesmo período - US$ 944 bilhões.

Os especialistas alertam que até o momento, na prática, pouco se tem feito para mudar essa realidade e, para os próximos anos, mais tempestades e enchentes vão ocorrer. O mundo não tem mais 20 anos para adotar as medidas de prevenção necessárias.