Enquanto países como Alemanha, Japão e Suécia apostam em educação, conscientização e ousadia para quase zerar a remessa de resíduos sólidos para aterros sanitários, o Brasil patina quando o assunto é reciclagem de lixo. Para se ter uma ideia do atraso do País, o número de municípios que conta com um sistema de coleta seletiva implementado não chega a 20%. Das 5.570 localidades, apenas 1.055 contam com o serviço. E a maioria está nas regiões Sul e Sudeste.

Reportagem publicada nesta edição da FOLHA (9 e 10) lembra que os primeiros programas de reciclagem de resíduos sólidos no País surgiram há cerca de 30 anos. Porém, essas três décadas não foram suficientes para consolidar a separação e a destinação correta dos resíduos. O trabalho ainda continua com os catadores individuais e a falta de conscientização da sociedade é um grande entrave.

Pesquisa divulgada recentemente pelo instituto Ibope Inteligência revelou que 98% dos brasileiros ouvidos consideram a reciclagem importante para o futuro do planeta, mas 66% deles afirmam saberem pouco ou nada a respeito de coleta seletiva e 28% não sabem citar quais são as cores das lixeiras para coleta de cada tipo de material.

O estudo mostrou ainda que 95% concordam que o jeito correto de descartar os resíduos é separando cada um em um saquinho diferente, mas 75% não fazem isso em casa. Trinta e nove por cento dos entrevistados não separam sequer o lixo orgânico do inorgânico.

Quando avaliadas as respostas dadas pelos paranaenses aos entrevistadores, a realidade não difere muito do que se observa no restante do País. No Estado onde o programa de coleta seletiva implantado na capital foi propagado como modelo no final da década de 1980, em 2018, 62% dos participantes dizem saber pouco ou nada a respeito de coleta seletiva. Londrina, que já foi destaque no passado, vê sinais de enfraquecimento na execução do serviço. Se em 2009, o município reciclava 35% dos resíduos sólidos, em 2017 foram 10%.

Para a reciclagem de lixo funcionar bem, é preciso responsabilidade compartilhada. Em uma ponta, a população deve fazer a parte dela, assim como, no outro lado, o poder público também precisa dar condições para que o sistema funcione bem e tenha sucesso.