No Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) de 2018 apenas 55 entre os 4,1 milhões de candidatos obtiveram a nota máxima na redação. Em 2017, esse número foi de 53, entre os 4,7 milhões de participantes. Apesar do ligeiro avanço, os resultados do concurso revelam, mais uma vez, as deficiências da educação no País.

A quantidade de estudantes que zeraram a redação caiu, passando de 309.157, em 2017, para 112.559 em 2018. Por outro lado, houve redução na nota média nesta prova, que foi de 558 pontos em 2017 e 522,8 pontos em 2018. Na edição de 2017, o maior motivo para zerar a redação foi fuga ao tema. No entanto, no ano passado, mais estudantes entregaram a prova em branco.

Em reportagem publicada recentemente na FOLHA, professora de redação disse que o baixo desempenho nesta prova reflete o despreparo dos alunos no ensino médio associado à hiperestimulação das mídias sociais. Assim como outros profissionais ligados à educação, a professora apontou a falta de repertório como a principal dificuldade dos alunos quando são desafiados a escrever.

A causa, como todos sabem, está na falta do hábito da leitura. Segundo a última pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgada em 2016, apenas 56% dos brasileiros afirmaram ler de forma habitual. E entre as preferências, 42% citaram a Bíblia.

Em tempos de fake news, a leitura de jornais sérios diários é uma arma para combater a disseminação desses conteúdos. O jornal traz o contato com as problemáticas sociais e tudo o que acontece no mundo, ajudando as pessoas a criar consciência crítica, a buscar mudanças na sociedade e a aumentar o repertório na hora de escrever.

Desde 1994, a Folha de Londrina desenvolve o programa de incentivo à leitura Folha Cidadania, que abrange diversas frentes de trabalho, como levar o jornal como complemento pedagógico às salas de aula de escolas municipais com o objetivo de desenvolver a leitura crítica dos fatos, reflexão sobre a realidade, troca de ideias e aprimorar a capacidade de argumentação.

Os depoimentos na mídia nacional dos estudantes que tiraram nota máxima na redação no Enem 2018 mostram que eles não só têm o hábito da leitura como também exercitam a escrita diversas vezes na semana. Assim, se preparam para os concursos - e para a vida.

Existe um abismo entre a realidade da educação no Brasil e de outras nações. A expectativa é que estudantes brasileiros levem mais de 260 anos, por exemplo, para atingir a proficiência em leitura dos alunos de países desenvolvidos, segundo relatório divulgado no ano passado pelo Banco Mundial.
Políticas públicas adequadas e implantadas para realmente melhorar o nível da educação no País podem ajudar a reduzir esse abismo.