O que dá sentido às discussões econômicas é que a economia faz parte do cotidiano de nossas vidas, embora nem sempre pareça ser tão claro assim.

Oferta de postos de trabalho, manutenção do poder de compra, valor do salário mínimo, e exigências sociais cobradas do poder público, passam necessariamente pela economia.

Essa é a razão do estudo dessa ciência: entender como se dá a produção de riquezas e as formas pela qual sua distribuição possa ser a mais harmoniosa possível.

Mas quando escutamos que o Comitê de Política Econômica decidiu pela redução da taxa básica de juros para 5% ao ano, não é tão evidente entender como isso atinge nosso cotidiano.

COPOM reduz SELIC a 5% ...

Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) a decisão foi por reduzir de 5,5% para 5% ao ano a taxa básica de juros da economia, a Selic.

..., e daí?

Quanto menor a Selic, menos interessante fica investir em títulos do governo, que são garantidos, mas pagam menos e mais atraente fica usar estes recursos para emprestar dinheiro para a produção e o consumo.

Gerando emprego e renda...

A consequência é a potencialização de criação de postos de trabalho pelo aumento na demanda, tanto das empresas quanto do consumidor final.

... e sustentando a arrecadação...

É do aumento da produção que vive a arrecadação do governo, na forma de impostos, para fazer frente aos gastos como educação, saúde, segurança e novos investimentos.

... que não dá conta das contas.

Em momentos de crise econômica, a arrecadação cai, mas não os gastos, o que leva ao aumento da dívida pública que chegou a 79,8% do PIB em agosto ou R$ 5,62 tri, na soma dos débitos dos governos federal, estaduais, municipais e INSS.

E tem os custos com juros ...

Quem tem dívida precisa pagar os juros do montante que deve. A Selic é a taxa utilizada para calcular os juros que o governo deve pagar para sustentar seu endividamento.

... que, felizmente estão caindo...

A queda dos juros fez com que a despesa do governo com encargos da dívida caísse R$ 540 bi pagos em 2016 ou 9% do PIB para R$ 350 bi ou 5% do PIB nos últimos 12 meses.

... e abrindo espaços.

Isso significa que o governo ganha espaço para conduzir as contas do país para uma situação que leve ao equilíbrio fiscal e possa alavancar mais investimentos.

Vale lembrar sempre...

O país somos nós, e isso não é retórica ou licença poética. O que acontece com nossa economia, para o bem ou para o mal, nos atinge inapelavelmente.

Marcos J. G. Rambalducci - Economista, é Professor da UTFPR. Escreve às segundas-feiras.