O cenário de incertezas levou pânico aos mercados mundiais e as bolsas de valores do mundo fecharam com enormes prejuízos. A B3, nossa Bolsa de Valores, teve que paralisar o pregão por 4 vezes na semana buscando conter a queda brusca no valor das ações. O que está acontecendo?

O valor das ações ...

É na bolsa de valores que são negociadas as principais ações de empresas de capital aberto do Brasil. As ações nada mais são que frações da empresa e seu valor depende da expectativa que existe sobre seu desempenho.

... e como reagem ao covid-19.

Em razão do alastramento do vírus no mundo, as pessoas têm sido orientadas a ficar em casa e evitar aglomerações que possam facilitar o contágio. Escolas são fechadas, eventos transferidos ou cancelados e cidades inteiras colocadas em quarentena. Tal iniciativa ‘esfria’ o consumo. A expectativa de lucro das empresas cai, derrubando o valor de suas ações.

Cai a demanda por combustíveis...

Produção parada e restrição de circulação reduz o consumo de petróleo. Dois grandes produtores, Arábia Saudita e Rússia, não chegam a um acordo para diminuir a produção e manter o preço do petróleo e os sauditas optam por aumentar a oferta para compensar as perdas e retaliar a Rússia.

... e a expectativa de lucro da Petrobras.

Tal iniciativa leva a queda brusca do barril de petróleo no mercado internacional e a Petrobras - nossa maior empresa, com expectativa de lucro menor, vê os donos de suas ações tentarem vendê-las às pressas.

O Mercado fica louco ...

Oferta exagerada destas ações derrubam seu valor e para evitar um ‘efeito manada’, a B3 aciona um mecanismo chamado ‘circuit breaker’, que nada mais é que paralisar as negociações até que as pessoas se acalmem e passem a raciocinar com mais lucidez.

... e precisa ser paralisado.

Foi isso que aconteceu na segunda-feira (09/03) e tornou a acontecer mais três vezes ao longo da semana - na quarta-feira quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) mudou o status da doença de epidemia para pandemia e mais duas vezes na quinta-feira devido queda das ações de companhias aéreas com a decisão dos EUA de interromper o fluxo de viagens com a Europa.

Sem chances de rápida estabilização.

Estes movimentos de altas e baixas vão se acentuar ao longo das próximas semanas com a disseminação do vírus por nosso continente. Muita calma nessa hora.

Marcos J. G. Rambalducci - economista, é professor da UTFPR. Escreve às segundas-feiras