Sempre leio o "Espaço Aberto" e muitas vezes tive vontade de me posicionar. Em minha trajetória de vida, sempre tive como princípios aguardar que os acusados de qualquer delito ou falta grave tenham todas as oportunidades para apresentar argumentos em sua defesa.

Gosto de ouvir, esgotar as possibilidades, e só então me manifestar. Algumas vezes contra, outras a favor, como é muito natural na convivência de uma comunidade. Faço aqui uma exceção às cartas e posicionamento do sr. Claudio Tedeschi, presidente da Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina), com os quais sempre estive de acordo e gostaria de dizer que assinaria em conjunto com orgulho e satisfação.

Hoje estou escrevendo como cidadão que sou de Londrina desde 1950. O dia 24 de janeiro de 2018 me trouxe muitos sentimentos. Primeiramente, por coincidir com a data de aniversário de uma de minhas filhas; depois uma tristeza de assistir a um julgamento que escancarou ao Brasil e à mídia mundial a sujeira e o desapontamento que um ex-presidente causou ao povo brasileiro que tanto confiou nas intenções e honestidade suas e de seus "companheiros". Também um sentimento de alívio, felicidade, um êxtase de ver que, com os 3 a 0 que nos foi proporcionado pelo juiz Sérgio Moro e os desembargadores do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) do Rio Grande do Sul, mostrou-se que o Brasil ainda tem solução e depende muito de todos nós brasileiros, para que possa fazer surgir deste caos um país melhor.

Claro que nos entristece ver condenado uma ex-autoridade máxima do País por razões antagônicas a uma de suas principais bandeiras, que foi a ética na política. Nos sentimos traídos. A decepção é grande para muitos brasileiros.

Assim como a grande maioria de nosso povo, também tenho sempre a esperança de elegermos governantes comprometidos com o bem comum e com o avanço de nossa nação. Que possam tomar decisões que nos torne um país forte, representativo, com um povo assistido e com oportunidades de traçar sua própria história sustentado na dignidade de ser um cidadão respeitado.

Precisamos eleger pessoas com caráter, princípios e coragem para assumir e se responsabilizar pelas atitudes tomadas em sua gestão. Às vezes, me sinto envergonhado, como técnico que sou, com políticos fazendo plebiscitos para jogar nas costas do povo a responsabilidade de assuntos que deveriam ser resolvidos, assinados e assumidos por pessoas que tenham competência para tal. Não teria cabimento um médico, no meio de uma cirurgia, consultar leigos sobre a retirada de um órgão e depois responsabilizá-los pelo mau êxito da operação.

Gostaria de lembrá-los que em um dos importantes plebiscitos de nossa história, nós escolhemos Barrabás e crucificamos Cristo. Até hoje continuamos elegendo ladrões. Admiro administradores que procuram ajuda em entidades e pessoas qualificadas para auxiliar em suas decisões.

Não sou partidário, sempre escolho pessoas e princípios e acho que devemos continuar assim, para que este País possa chegar onde ele merece.

Mas, se antes nada podíamos fazer, hoje temos a certeza de contarmos com um Judiciário que nos passa confiança e esperança de que estamos construindo um país que pode sim se livrar de um de seus principais males, que é a corrupção. Pois a corrupção mata tanto quanto uma arma de grosso calibre ao tirar verba dos hospitais, das escolas, das creches, da alimentação, da infraestrutura tão necessária para o desenvolvimento e enriquecimento de nosso País.
A luta só começou, mas foi um bom começo.

AFRÂNIO BRANDÃO é presidente da Sociedade Rural do Paraná

■ Os ar­ti­gos de­vem con­ter da­dos do au­tor e ter no má­xi­mo 3.800 ca­rac­te­res e no mí­ni­mo 1.500 ca­rac­te­res. Os ar­ti­gos pu­bli­ca­dos não re­fle­tem ne­ces­sa­ria­men­te a opi­nião do jor­nal. E-­mail: opi­niao@fo­lha­de­lon­dri­na.com.br