O aquecimento global tem gerado manchetes em todo o mundo e causado discussões, principalmente sobre a escassez de água no planeta nos próximos anos. No Brasil, só agora o assunto vem ganhando espaço. À medida que se reconhece cada vez mais a necessidade de economia, também se fala sobre outros aspectos da água, como a sua importância para manter a vida. Beber um copo de água para matar a sede, que antigamente era um ato quase que automático, hoje em dia ganha outras proporções, não só com os questionamentos que existem sobre a qualidade e pureza da água mas também com a variedade de ofertas do produto que existem no mercado. Afinal, o que faz uma água ser boa para beber? E qual é a melhor água?
Segundo o técnico em saneamento da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), Alberto Gabriel de Oliveira Filho, que trabalha na região de Irati, todas as empresas de saneamento do Brasil são regidas por uma portaria do Ministério da Saúde, que estipula valores mínimos de substâncias que devem estar contidas na água para ela estar apta ao consumo. ''A portaria 518 preconiza valores mínimos de substâncias como flúor, manganês, zinco, cloro, dentre outros, para que a água esteja apropriada para o consumo. Esses valores são pré-estabelecidos para todo o Brasil; desta forma, mesmo a água apresentando elementos diferentes em seu estado in-natura, quando ela sai das torneiras, depois de ter passado pelos padrões de tratamento exigidos por lei, é a mesma em qualquer lugar do País'', explica.
Oliveira Filho lembra ainda que o tratamento na água não deve deixar gosto nem cheiro; para ele, não há diferença nenhuma entre uma água mineral comprada em um supermercado, da água distribuída pela empresa de saneamento. ''Tudo é uma questão de gosto, mas tecnicamente não há diferença alguma. O que pode acontecer, é que uma água sem tratamento, não contendo os elementos exigidos por lei para sua correção, possa se apresentar com um gosto diferente'', alerta.
Edenilson Pires trabalha há dois anos em Guarapuava como representante de uma empresa que produz e distribui purificadores de água. De acordo com ele, nos últimos anos a empresa já vendeu cerca de 3,5 bilhões de purificadores. Para ele, isso acontece por causa da constante preocupação que as pessoas têm com a saúde. ''Nossos purificadores vêm somar qualidade ao tratamento da companhia de saneamento, uma vez que, mesmo que as empresas cumpram as leis e distribuam água de acordo com as exigências federais, existem fatores que contribuem para que esta qualidade diminua depois que a água entra na caixa. O próprio ar pode levar sujeira para uma caixa d'água, os consertos de tubulações também podem acabar sugando elementos que modificam a qualidade da água, não a ponto de uma contaminação, mas provocando alterações, mesmo que mínimas, e é aí que os purificadores entram com a correção dessas perdas'', aponta.
Pires garantiu que mesmo com a inserção de alguns minerais como cálcio e magnésio através dos purificadores, nunca esta medida ultrapassa os valores pré-estabelecidos pela portaria do Ministério da Saúde.
Luiz Gustavo do Nascimento trabalha há dez anos com distribuição de água mineral em Guarapuava. A empresa dele representa diversas marcas e, segundo ele, os negócios vem crescendo aproximadamente 7% ao ano. Esse aumento, de acordo com Nascimento, acontece por uma questão de preferência. ''A água mineral se difere da tratada, em princípio, porque não há adição de cloro. Por mais que digam que não há gosto, ele existe sim. Também há diferença de uma água mineral para outra pois em algumas há maior quantidade de minerais, o que também acarreta num gosto diferente'', informa.
O estudante de publicidade Fernando Stroski, 19 anos, disse que há dois anos sua família adotou o hábito de consumir água mineral. ''Eu confio na água da torneira mas não para beber; a água mineral tem um gosto diferente, por mais que digam o contrário, é o que todo mundo nota lá em casa'', diz. Na casa dele, um galão de vinte litros dura cerca de 45 dias.