Imagem ilustrativa da imagem Viagem à Capela de São José



"NEle vivemos, e nos movemos, e somos." (At 17, 28)

Nossa viagem, amigo leitor, começa pelo santuário de Madre Leônia. Pedimos à futura santa de Londrina, padroeira da vida no trânsito, que nos ilumine e guie por todo o caminho.

Viajar pelo Norte Pioneiro é rememorar a fé e coragem de todos aqueles que vieram antes de nós. Em cada cidade, em cada rua, em cada habitação, somos envolvidos numa atmosfera sagrado. Tudo remete ao sacrifício (sagrado ofício) daqueles que abriram caminhos para construir a civilização em que vivemos.

Passamos por São Sebastião da Amoreira. O nome do município une um ícone religioso ao de uma árvore de simbolismo milenar. Sebastião, segundo Agostinho de Hipona, adquiriu a santidade com cinco "moedas": com a pobreza, obteve o reino; com a dor, a alegria; com o trabalho, o repouso; com a ignomínia, a glória; com a morte, a vida. A amoreira, por sua vez, remete-nos à trágica história de amor entre Píramo e Tisbe, que inspirou Shakespeare a escrever "Romeu e Julieta". O fruto da amoreira teria a cor das lágrimas de sangue derramadas em nome do amor.

Logo adiante, em Nova Fátima, há um gigantesco terço que ocupa toda a extensão de uma praça pública. Podemos caminhar entre as contas do terço e contemplar os mistérios da encarnação de Jesus, enquanto rezamos a Oração Angelical, também conhecida como Ave-Maria. Fátima é o sinal da redenção de nosso tempo; a pequena Nova Fátima é a reafirmação dessa esperança.

Na entrada de Santo Antônio do Paraíso, há uma imagem do santo nascido em Portugal e que adquiriu fama universal por seus sermões e milagres em vida. O Antônio que certo dia, ignorado pelos homens, teve de pregar aos peixes, esse Antônio carrega nos braços o Menino Jesus, a quem ele frequentemente viu durante sua gloriosa vida. Não há como separar a luminosa grandeza do santo e a honrada pequenez da cidade norte-paranaense.

Rezo meu terço enquanto o automóvel percorre as estradas sinuosas e as colinas do Norte Pioneiro. Na entrada das cidades, nunca falta uma cruz e afirmação de Jesus Cristo como Senhor de todas as coisas e todos os destinos. Ao passar por Ribeirão do Pinhal e Jundiaí do Sul, lembro-me do professor José Monir Nasser dizendo que jamais visitou uma cidade paranaense — e ele conhecia quase todas — sem entrar na igreja matriz e rezar uma Ave-Maria.

Finalmente chegamos ao nosso destino, que é a Fazenda da Capela, em Joaquim Távora. Ao lado da bela e rústica sede, e no limite de uma grande mata nativa, está o coração daquele lugar: a capelinha dedicada a São José.

Nos Evangelhos, São José não diz uma única palavra. Tudo que ele faz são gestos de proteção, acolhimento e generosidade. Vou até o pequeno altar da capela e vejo que a Bíblia está aberta no Salmo 90. Leio:

"Tu que habitas sob a proteção do Altíssimo,
que moras à sombra do Onipotente,
dize ao Senhor:
Sois meu refúgio e minha cidadela,
meu Deus, em que eu confio..."

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