Imagem ilustrativa da imagem Sal da Terra e Luz do Mundo
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No Sermão da Montanha, Jesus diz, logo após proclamar as bem-aventuranças:
— Vós sois o Sal da Terra. (Mt 5, 13)
Depois, completa:
— Vós sois a Luz do Mundo. (Mt 5, 14)
As duas imagens evidenciam o papel do leigo nos caminhos da Igreja.
Como se sabe, a relação entre a Igreja e o mundo sempre foi tensa. Desde os tempos primordiais, esse caráter paradoxal da vida cristã saltava aos olhos. Assim, pois, dizia o autor da "Epístola a Diogneto" (séc. II):
"Numa palavra, o que a alma é no corpo, isso são os cristãos no mundo. A alma está em todos os membros do corpo e os cristãos em todas as cidades do mundo. A alma que habita no corpo, não é, contudo, do corpo; também os cristãos, se habitam no mundo, não são do mundo".
O que é ser o "Sal da Terra"? O sal representa, entre outras coisas, aquilo que ao mesmo tempo preserva e tempera a substância vital. O leigo atua como sal ao conservar a integridade dos valores eternos em que se fundamenta a nossa fé. Mais do que um direito, é um dever do leigo ser o Sal da Terra, mesmo quando submetido a perseguições e flagelos de toda sorte. Volto a dizer: os leigos salvarão a Igreja (como já fizeram em diversas ocasiões da história).
Não preciso aqui ressaltar a força e a profundidade da imagem da Luz nas Escrituras. Mais do que um aspecto da realidade, trata-se da verdade inteira, que simplesmente não pode ser ocultada. Colocar essa luz "debaixo de um alqueire" ou procurar escondê-la diante do mundo seria incorrer no pecado da omissão.
O povo cristão enfrenta hoje monumentais desafios. Entre eles, o de suplantar os sistemas de poder que objetivam colocar em segundo plano a transcendência, substituindo-a pela crença gnóstica nos poderes deste mundo. Os projetos coletivistas globais são hoje a grande ameaça à Igreja.
Qual seria a tendência natural do ser humano diante de tão terríveis ameaças? O voltar-se para si mesmo, a luta pela preservação, o retraimento, o silêncio. Mas nós, cristãos, não temos este mundo por pátria. Nossos atos são limitados pela natureza, mas possuem uma fonte sobrenatural.
Como leigos, temos a obrigação de lutar. Portanto, não deixaremos de lembrar que a mensagem do Evangelho NÃO É um mero instrumento para promover a justiça social e a transformação política. O próprio Jesus deixou isso bem claro quando respondeu a Pilatos: "Meu reino não é deste mundo". (Jo 18, 36)
Sinto-me no dever de agir como filho leal e zeloso da Igreja — e não estou sozinho nessa convicção. A cada dia, percebo que cresce o número de católicos dispostos a repudiar atos políticos e doutrinas ideológicas incompatíveis com a fé cristã. Com isso, ao contrário do que alguns pensam, a maioria dos leigos, padres e bispos não quer causar a divisão, mas sim garantir a comunhão com o sagrado.
Sim, nós seremos Sal e Luz. Porque é o nosso dever e a nossa salvação.