O trote ideológico na universidade
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 05 de março de 2019
Paulo Briguet
Há o trote. Há o trote com bullying. Há o trote cultural. Há o trote solidário. E agora inventaram o trote ideológico.
Conforme este cronista de sete leitores noticiou na semana passada, organizou-se na universidade pública local um evento denominado "Calourada Comunista", cujo principal objetivo era iniciar a transformação dos novos universitários em militantes do movimento causador do maior genocídio de todos os tempos.
Como parte do ritual, calouros de determinado curso foram convidados a posar para fotos carregando um pequeno cartaz onde se via um grupo de garotas, dentro de um carrão conversível, ao lado de uma foto de Karl Marx e do símbolo da foice-e-martelo, tendo por legenda a seguinte frase:
"Entrem no carro, vamos bater em fascistas".
Vários calouros fizeram a foto; alguns até a utilizaram como imagem de perfil nas redes sociais.
Participantes da Casa da Tolerância, projeto de extensão acadêmica que combate a intolerância ideológica no campus, imediatamente denunciaram a incitação à violência promovida pelo trote ideológico. As informações sobre o lamentável caso serão incluídas no dossiê da campanha intitulada "Intolerância Ideológica: Nós vamos te expor" e levadas à administração da universidade.
Mas o que esses militantes querem exatamente dizer com "vamos bater em fascistas"? Decerto não é uma metáfora para o debate com seus adversários políticos, uma vez que eles se recusam terminantemente a fazê-lo. Penso que a frase do cartaz, apresentada como uma inocente "brincadeira", tem dois objetivos centrais: 1) intimidar os novos estudantes que porventura tenham ideias conservadoras, liberais ou cristãs; 2) qualificar todos os adversários do socialismo e da esquerda como "fascistas" (algo que Stálin fazia há mais de 70 anos).
Para que se torne mais claro o que estamos enfrentando, faço questão de reproduzir a ameaça que um desses militantes fez aos membros do projeto Casa da Tolerância em comentário numa rede social:
"Vaza, a universidade pública não é lugar de corno neoliberal, vão pagar faculdade privada! E depois você quer liberdade de expressão pra vermes? Neoliberal e fascista merece o mesmo fim! Fuzilamento, mas já que isso não é possível, porrada!"
Notem o uso da palavra "vermes". É a mesma terminologia reservada em Cuba e na Venezuela para os cidadãos que tentam fugir da ditadura comunista. É assim que muitos esquerdistas universitários enxergam a maioria da população (no caso de Londrina, os 80% da população que votaram em Bolsonaro). Eles nos consideram fascistas, vermes, seres desprezíveis, cuja voz deve ser calada. Para eles, eu, vocês e o ministro da Educação pertencemos a essa mesma espécie que deve ser, nas palavras do guru radical Saul Alinsky, "extirpada da face da Terra".
A pergunta é: - Professores pagos com dinheiro público aceitam esse abuso ideológico?
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