Imagem ilustrativa da imagem Construindo a Casa da Tolerância
| Foto: Gilberto Abelha/UEL



Hoje tenho um convite diferente para fazer aos meus sete leitores: a partir das 19h30, participarei de uma mesa redonda com os professores Gabriel Giannattasio e José Fernandes Weber no Anfiteatro do Centro de Ciências Humanas, campus da UEL. O evento marca o início do projeto "UEL, a Casa da Tolerância". Até o mês de novembro, estão programadas palestras mensais com importantes nomes do cenário intelectual brasileiro, mas que por algum motivo nem sempre têm grande espaço nos meios acadêmicos. O tema da noite será "A tolerância e seus limites".

Formei-me em Jornalismo na UEL há 25 anos. Sempre tive uma ligação afetiva muito forte com a instituição. Afinal, foi graças a ela que conheci a cidade da minha vida. No Perobal — esse lindo jardim que o Sr. João Sperandio ajudou a plantar —, fiz e tenho grandes amigos. Por isso, é para mim uma honra e uma alegria voltar a falar no campus da UEL: uma honra e uma alegria que estão acima de eventuais diferenças políticas e ideológicas.

Penso que a UEL sairá da crise em que se encontra com base nas mesmas forças que lhe deram origem: as forças de Londrina. O projeto Casa da Tolerância, a meu ver, representa o marco inicial de uma nova fase nas relações entre a UEL e a comunidade local.

Acompanhei desde o início a concepção do projeto pelo professor Gabriel Giannattasio. Aqui na Avenida Paraná, já tive a oportunidade de falar sobre o processo interno sofrido por Gabriel, felizmente arquivado no começo deste ano. Por expressar a sua opinião de maneira sincera, o professor do Departamento de História foi acusado de "assédio moral" e "falta de urbanidade" por alguns colegas. Tive acesso aos documentos do processo e garanto que as acusações eram totalmente descabidas. Para o bem da justiça, o professor foi completamente inocentado.

Ora, a coragem e sinceridade intelectual que Gabriel Giannattasio revelou no decorrer deste episódio deve não apenas ser toleradas, como também incentivadas. Diz o professor e idealizador do projeto: "É fundamental que a universidade volte a explorar sua vocação de espaço privilegiado da tolerância. Que tenha a sabedoria restauradora das fraturas desempenhando seu papel de mediação. É preciso que a universidade volte a ser o palco do diálogo, o campo da livre manifestação das ideias. É preciso que ela, universidade, deixe de ser parte e respeite a sua própria tradição inscrita em seu nome: a palavra universidade vem do latim universitas e significa universalidade, o todo, e ainda o universo, o conjunto das coisas".

Há alguns anos, quando entrevistei João Sperandio, o saudoso jardineiro do campus, ele me disse que as gigantescas perobas nascem de uma pequena semente, que cabe na palma da mão. Em um romance de Domingos Pellegrini, outro ex-aluno da UEL, descobri que as perobas só sobrevivem quando existe vida abundante ao redor. Cada tijolinho a mais na Casa da Tolerância é uma barreira a menos em tudo aquilo que separa a cidade e o campus. Que a semente e a obra possam prosperar na UEL.

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