Imagem ilustrativa da imagem A educação segundo a eternidade
| Foto: Arquivo Histórico/CMD



Há 83 anos, em certa manhã dos inícios de março, muito parecida com a de hoje, um grupo de 12 religiosas alemãs fundava o Colégio Mãe de Deus em Londrina. As irmãs de Schoenstatt, enviadas ao Brasil pelo Padre José Kentenich, fugiam do nacional-socialismo de Hitler e tinham a missão de edificar, no Novo Mundo, uma escola cristã que educasse um novo homem para uma nova comunidade. Cada uma daquelas irmãs pioneiras, assim como todos os professores que passaram pelo colégio nestas oito décadas, teve como fonte inspiradora a figura de Maria, Mãe de Jesus Cristo e Educadora dos Povos.

Uma das principais qualidades daquelas mulheres era a coragem. E a coragem, dizia Aristóteles, é a principal das virtudes, porque permite todas as outras. É preciso uma dose descomunal de coragem para fazer o que aquelas 12 irmãs fizeram: mudar, sem perspectiva de retorno, para um país imenso e desconhecido, onde semeariam as boas sementes da educação, da cultura e da fé cristã.

O trabalho das pioneiras deu frutos: desde 1936, mais de 80 mil pessoas passaram pelos bancos do Colégio Mãe de Deus. Isso equivale a uma cidade! Hoje, quando as crianças e jovens fizerem um cordão humano e derem um abraço em torno do Colégio, toda essa legião de mulheres e homens estará presente em espírito. E para o Espírito, como dizia Hofmannsthal, tudo é presente.

Não creio que a data de fundação do Colégio - 3 de março - tenha sido simples acaso. Em 1936, estava-se, como hoje, no início da Quaresma. A Quaresma, como todos sabem, é um período de conversão, em que caminhamos 40 dias rumo à terra prometida da Ressurreição. Desde que se abriram as portas daquela casinha de madeira, nos primórdios de Londrina, nós percorremos juntos esse caminho.

Em visita a Londrina, no ano de 1947, o Padre José Kentenich alegrou-se com a notícia das eleições italianas, em que os comunistas foram derrotados. Para ele, muito mais importante que qualquer fato político eram as vitórias espirituais, como a inauguração de uma escola ou de um santuário. No entanto, o patriotismo terreno, o respeito aos símbolos nacionais e o cultivo dos valores civilizacionais são um bom caminho para chegarmos até a Pátria Celeste.

Dizia o escritor Otto Maria Carpeaux: "O santo é um homem que possui a graça de levar o mundo mais a sério do que ele o merece; tão a sério que o seu caminho para o céu passa precisamente por este mundo. Levar o mundo a sério é a lição dos santos. Os santos não são infalíveis, mas são resolutos. Não vacilam entre um puerilismo ingênuo e a adoração do poder. Não são modernos, representam o eterno. Sabem que a espada do espírito é mais cortante que a espada de aço. Quem não acreditar estará perdido. Quem acreditar será salvo".

O trabalho iniciado pelas irmãs pioneiras inspirava-se nesse ideal de santidade. Perseguidas pelo coletivismo, elas encontraram no Brasil e em Londrina uma terra de fé, esperança e amor. Esse pioneirismo nos inspira a continuar trabalhando para um dia, quem sabe, chegarmos também à Cidade de Deus e à Pátria do Céu. "Não olheis os nossos pecados, mas a fé que anima a Vossa Igreja."

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