Imagem ilustrativa da imagem Você está entre os 30 milhões de brasileiros que sofrem de enxaqueca?
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Muitos brasileiros convivem diariamente com dor de cabeça e a solução na maioria dos casos acaba sendo recorrer à "caixinha de remédios". Mas por trás dessa que parece ser uma prática inofensiva, há verdadeiros perigos à sáude e o tratamento adequado acaba negligenciado.


Essa é a mensagem que entidades e especialistas buscam reforçar no Dia Nacional de Combate à Cefaleia (19 de maio). A ABN (Academia Brasileira de Neurologia) acaba de lançar a pesquisa "Enxaqueca Brasil" que traça o perfil dos brasileiros que sofrem com a doença e aponta que os portadores de enxaqueca crônica são os que mais abusam de analgésicos.


Entre os 150 tipos de cefaleias existentes, a enxaqueca é a mais prevalente entre a população e, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde)é uma das quatro doenças crônicas mais incapacitantes do mundo. No Brasil, a estimativa é de que 30 milhões de brasileiros tenham dor de cabeça intensa.


Ao todo, 2.318 pessoas participaram do questionário online. Entre os pacientes de enxaqueca episódica, 36% afirmaram tomar medicamentos além do recomendado, enquanto que aqueles com a doença crônica representaram 74%.


Além disso, 81% declararam tomar medicamentos sem a orientação de um profissional. A diretora da Sbce (Sociedade Brasileira de Cefaleia), Célia Roesler, vice-coordenadora do Departamento Científico de Cefaleia da ABN, explica que "o uso abusivo de analgésicos sem prescrição médica pode transformar uma dor de cabeça que era episódica em enxaqueca crônica com dores de cabeça quase diárias."


De acordo com a Sbce, a enxaqueca é responsável pela perda de 1,4% do total de anos saudáveis dos indivíduos. O processo de crise começa basicamente com a liberação de substâncias inflamatórias e aumento da intensidade de estímulos elétricos do cérebro, causando a dilatação dos vasos sanguíneos, responsável pela intensidade da cefaleia.


Apesar da eficácia associada a um arsenal terapêutico disponível para o tratamento da enxaqueca, uma grande parte dos pacientes não fica sem dor. Ainda de acordo com a Sbce, muitas vezes é quase impossível identificar as reais causas das intensas dores de cabeça.


Por isso, a dica da especialista é que os pacientes anotem sempre os períodos em que tiveram a dor de cabeça e os possíveis fatores desencadeantes, assim como a intensidade (leve, forte, média, muito forte) e, se foi necessário, ingerir algum tipo de medicação. Com esse diário é possível traçar um plano terapêutico eficiente.


"É importante o paciente procurar um neurologista especializado pois, com o tratamento preventivo, é possível reduzir a frequência do uso de medicações para as crises, diminuindo as chances de cronificação da dor pelo abuso de analgésicos", destaca Roesler.


A pesquisa "Enxaqueca Brasil" também revela que 58% das pessoas que sofrem de cefaleia indicam analgésicos para os outros, e 50% aceitam as indicações de não profissionais. Apenas 61% dos entrevistados afirmaram que procuraram auxílio médico para a dor de cabeça.


Estilo de vida


A alimentação também é fundamental para garantir uma melhora efetiva. Alimentos como o açúcar, cafeína, queijos, molhos, embutidos e até o vinho podem provocar crises em pessoas predispostas, uma vez que liberam substâncias inflamatórias que dilatam os vasos cerebrais e ajudam a desencadear a dor de cabeça.


Isso não significa cortar radicalmente o consumo destes alimentos, mas ir substituindo ou reduzindo de forma gradativa. A prática de atividade física também é importante porque os exercícios liberam endorfinas, que são ótimos aliados no controle da dor.

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