Com mais de três mil cirurgias bariátricas no currículo, Antônio Carlos Valezi, cirurgião pioneiro do aparelho digestivo em Londrina, diz que os resultados das intervenções aprovadas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) são, de um modo geral, "muito bons". "Em média, 70% dos pacientes com obesidade ficam sem hipertensão e 90% dos pacientes apresentam controle do diabetes", afirma.

Já em relação à técnica de interposição ileal, Valezi é cauteloso. "Os pacientes podem ser operados ainda sob protocolos de pesquisa e existem critérios de seleção desses indivíduos. Depende muito, por exemplo, das condições da doença e, além disso, os resultados a longo prazo são uma incógnita", comenta.

Entretanto, Valezi cita que existe o paciente diabético com IMC abaixo de 35, que não tem indicação para cirúrgica bariátrica, mas tem o diabetes. "Para esse grupo de paciente, o diabetes seria uma indicação para essa técnica em questão? Essa é uma pergunta que ainda precisa ser respondida", aponta.

O cirurgião Cid Pitombo, criador do Programa Estadual de Cirurgia Bariátrica, no Rio de Janeiro, médico dos atores André Marques e Leandro Hassum, é enfático ao não recomendar o uso da interposição ileal. "Ela (técnica) não passou por todos os testes de eficácia. É um modelo cirúrgico que não está autorizado pelo CFM e que é complexo de ser realizado, ou seja, não é qualquer cirurgião que poderá fazer com segurança", explica.

O endocrinologista Mario Carra, representante do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Diabetes, diz que qualquer cirurgia para controle do diabetes depende muito das condições de saúde do paciente e não apenas do diagnóstico da doença. Para ele, a "nova" modalidade cirúrgica não é melhor indicação de tratamento.

"Há controle para o diabetes, mas não cura. Fazer uma cirurgia não significa que os problemas acabaram. Ao invés dos remédios para o diabetes, o indivíduo poderá passar a tomar remédios de reposição dos transtornos que a intervenção cirúrgica pode trazer, pois quando se mexe no tudo digestivo, a absorção dos nutrientes muda", opina o endocrinologista. (M.O.)