Ainda é muito difícil em todo o mundo, falar de cura para o Alzheimer. Porém, milhares de cientistas vêm trabalhando em busca de informações que os levem mais próximos desta meta. Recentemente, pesquisadores da Clínica Mayo, de Jacksonville, na Flórida, divulgaram um estudo realizado em centenas de genes, com mais de 700 amostras de tecidos cerebrais de pacientes com Alzheimer ou outros distúrbios neurodegenerativos.
A neurocientista Minerva Carrasquillo, que participou desta pesquisa, explica que a maior dificuldade tem sido encontrar drogas que possam cruzar a barreira hematoencefálica (entre o sangue e o cérebro) sem causar efeitos colaterais sérios. "Os medicamentos disponíveis atualmente apenas diminuem a progressão dos sintomas e, infelizmente, o benefício é, com frequência, imperceptível. Por isso há tanta urgência em descobrir melhores tratamentos", enfatiza.
Para o neurogeriatra Mauro Roberto Piovezan, do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), embora não exista uma resposta para a cura, é importante controlar os fatores de risco já conhecidos. Ele cita que em uma recente conferência em Copenhague (Dinamarca), revelou-se que em países desenvolvidos houve um declínio no número de casos da doença e uma das possibilidades foi o controle dos fatores de risco cardiocirculatórios.
"Portanto, vale lembrar que a atividade física é uma boa conduta, assim como manter a ‘cabeça funcionando’. Qualquer informação nova fará bem, seja através da leitura, de palavras-cruzadas ou mesmo participando de algum grupo. Tudo isso são bons estímulos para o cérebro", conclui.

ESTUDO
"Até há pouco tempo, a maioria dos estudos se concentrava em genes ou em proteínas com funções relacionadas aos sintomas ou à patologia da doença. Nos últimos cinco anos, estudos do genoma identificaram 20 variantes associadas ao risco do desenvolvimento da doença de Alzheimer. No entanto, ainda não se sabe exatamente qual é a função dessas variantes", diz a neurocientista Minerva.
Ela ressalta que o estudo se concentrou justamente em determinar se essas novas variantes causam mudanças na expressão genética no cérebro e salienta que isso foi possível devido ao grande número de amostras de tecido de autópsia cerebral que foram doadas para a pesquisa.
"Nosso estudo está facilitando a identificação dos genes associados à doença e nos guia para os mecanismos biológicos que contribuem para a doença. O desenvolvimento de tratamentos eficazes depende do conhecimento desses mecanismos", conclui. (M.O.)