O refluxo do ácido gástrico para o esôfago costuma produzir queimaduras na mucosa do esôfago e, se não tratado, pode provocar úlceras e até mesmo câncer no esôfago. Por isso, de acordo com o cirurgião do aparelho digestivo Ricardo Kaoru Nakamura, é necessário buscar o tratamento mais adequado para o problema, que poucas vezes exige cirurgia.
Muitas pessoas, segundo ele, conseguem controlar o problema só com mudanças de hábito, uma boa dieta e medicamentos. "Em menos de 5% dos casos é necessário fazer cirurgia. Quase sempre a pessoa se livra dos sintomas evitando alimentos gordurosos, muito condimentados, refrigerantes, café, bebidas alcoólicas, chocolate." Também é indicado que o paciente não se deite logo depois de comer e que coma menos e mais vezes ao longo do dia.
Antes de iniciar o tratamento de refluxo, no entanto, é necessário fazer o diagnóstico, já que os sintomas são parecidos com outras doenças gástricas. "A partir do diagnóstico, o paciente começa a tomar medicamento por 30 a 60 dias, associado aos cuidados com a alimentação. Depois, suspende a medicação e observa se os sintomas voltam", explica Nakamura.
Se os sintomas retornarem, o medicamento é administrado por mais alguns meses. "Se os sintomas persistirem e a pessoa se tornar dependente do medicamento, a sugestão é cirurgia, principalmente se for um paciente jovem, que vai ter que tomar remédio pelo resto da vida", pondera o médico. A cirurgia, segundo ele, é feita por videolaparoscopia, com poucos riscos e recuperação rápida.
Em muitos casos cirúrgicos, a causa do refluxo é esfincter esofágico aberto que, segundo Nakamura, ocorre, principalmente, por predisposição genética. "Para esfíncter aberto não existe remédio ou exercício, só cirurgia. Mas, se o paciente se alimenta bem e evita bebida com gás, ele consegue eliminar os sintomas." (J.G.)