A psicoterapeuta especialista em comportamento humano, Myriam Durante, presidente do Instituto de Pesquisa e Orientação da Mente (Ipom), explica que a maioria dos ansiosos não são diagnosticados com TAG, pois a causa geralmente está relacionada ao modo de vida acelerado.

"Para chegar à conclusão de se tratar de uma TAG, você precisa ter comportamentos por pelo menos seis meses. Isso inclui taquicardia, transpiração ou respiração diferente e, principalmente, alterações no sono e apetite", comenta.

Segundo a especialista, se o indivíduo tem isso constantemente, ele estará sempre em alerta, levando uma vida multitarefa. "Estamos assumindo cada vez mais responsabilidades, o que gera uma sensação de incapacidade, de achar sempre que o outro é sempre melhor", cita.

Myriam também explica que a ansiedade está muito ligada ao negativo, perfeccionismo e ao futuro, seja o futuro de cinco minutos ou dois anos. E esse anseio por aquilo que virá em seguida é vivenciado por Marta (nome fictício) desde a adolescência. Hoje, com 59 anos, ela percebe o quanto sofreu no passado pelo comportamento ansioso e avalia se isso pode ter sido uma herança genética.

"Minha mãe era ansiosa e tenho duas irmãs que também são. Isso é uma novidade para mim, mas faz todo sentido", diz. Marta conta que sempre foi uma pessoa inquieta, que tinha pressa para tudo e medo de que as coisas não pudessem dar certo.

"Cerca de um ano atrás, isso piorou e tudo veio à tona. Entrei em depressão, me apeguei à comida, o que me fez engordar 10 quilos e passei a fumar um cigarro atrás do outro, chegando a consumir dois maços por dia", revela.

O gatilho, segundo ela, foi a demissão de um emprego, no qual atuava há nove anos. "Me senti inútil, sem perspectiva, pois pela minha idade, como eu ia me reerguer? Com isso, minha ansiedade foi se tornando uma neura", lembra.

Marta, que nunca tinha buscado ajuda profissional, por não admitir que estava doente, foi convencida pela família a se consultar. "Hoje, tomo antidepressivo. Passei a dormir melhor, emagreci cinco quilos, comecei uma nova atividade profissional e posso dizer que estou me sentido ótima", afirma.

Como tratamento, Myriam diz que em alguns casos o uso de medicamentos aliado à psicoterapia é uma indicação, no entanto, ela destaca que é preciso rever o modo de vida e buscar formas de relaxamento. "Em primeiro lugar, é preciso entender que dormir bem é qualidade de vida e que o pensamento é muito importante. É ele quem dita as regras", conclui. (M.O.)