Imagem ilustrativa da imagem Londrina tem alta taxa de correção de pé torto congênito
| Foto: Gina Mardones
Ana Schlommer explica que Maria Luiza, hoje com 2 anos, tem uma rotina normal, mas ela já passou por oito trocas de gesso e uma cirurgia no tendão calcâneo, e terá que usar uma órtese por 14 horas noturnas até completar 3 anos
Imagem ilustrativa da imagem Londrina tem alta taxa de correção de pé torto congênito



Em um exame de pré-natal, Ana Carolina Dearo S. Schlommer ouviu falar pela primeira vez sobre o pé torto congênito, uma malformação no segmento perna/pé da criança, que se inicia próximo a oito semanas de vida intrauterina. "Foi um susto porque eu não fazia ideia do que se tratava. Nunca tinha ouvido falar", conta a dona de casa, que recebeu a notícia no exame de ultrassom morfológico, com 23 semanas de gestação.
Dentro do útero, Maria Luiza apresentava os pezinhos "para dentro". "Saímos da consulta direto para o 'Google', em busca de informação. Em seguida, falamos com o obstetra e também um especialista e fomos nos acalmando, entendendo que havia tratamento", lembra.
A história de Ana Carolina é uma entre centenas de pais que não têm familiaridade com o pé torto congênito e correm contra o tempo para buscar informação e o melhor tratamento. "Hoje converso com outras mães por telefone ou internet porque ainda há muitas dúvidas", revela.
O ortopedista pediátrico Alessandro Melanda diz que o recado mais importante a ser dado aos pais é justamente de que existe tratamento eficaz, porém, longo. Ele, que é docente na Universidade Estadual de Londrina (UEL) e atua no Instituto Pró-Kids e no Hospital do Coração Bela Suíça, comenta que o município tem uma das mais altas taxas de correção e eficiência do tratamento baseado na técnica de Ponseti.
"Nosso trabalho está no topo dos resultados positivos, próximo a 98% de correção. Temos hoje crianças jogando bola, correndo e fazendo todas as atividades normalmente, mas que se não tivessem sido tratadas, seriam deficientes físicos", comenta.
Considerando a rotina de atendimentos em Londrina, Melanda contabiliza uma média de quatro casos em início de tratamento a cada mês e detalha que a incidência mundial de pé torto congênito é de um a dois em cada mil nascidos vivos.
"Há uma incidência maior no sexo masculino e a causa é multifatorial. Parece ter uma herança hereditária sim, mas fatores externos podem ter relação, como a criança ter dificuldade de movimentação intrauterina, agentes teratológicos, entre outros, mas isso ainda não está bem estabelecido", afirma.
Quanto ao diagnóstico, o especialista esclarece que é totalmente clínico, o que significa que a visualização do pé torto intrauterina dependerá do nascimento da criança para confirmação.
Para Ana Carolina, ter o diagnóstico ainda na gestação foi melhor. "Pois, deu tempo para assimilar a notícia e nos preparar, tanto em relação ao tratamento quanto ao enxoval, porque ela não usou sapatinhos durante cinco meses, e as roupas precisavam ser maiores por conta do gesso", diz.
Ao todo foram oito trocas de gesso desde as primeiras semanas de vida. Em seguida, Maria Luiza, hoje com 2 anos, passou por uma cirurgia de pequeno porte para alongar e aliviar a tensão sobre o tendão calcâneo, e agora usa uma órtese por 14 horas diárias, até completar 3 anos.
O tempo para corrigir os pezinhos tortos de Maria Luiza é longo, mas os resultados surpreendem a família. "Ela tem uma rotina normal, brinca bastante no quintal e os pezinhos estão corrigidos. Quem olha para Maria Luiza, não imagina que tenha nascido com os pezinhos tortos", comemora a mãe.