"Quando comecei a participar das reuniões, vi que tenho distúrbio de ansiedade", conta Stella Lima
"Quando comecei a participar das reuniões, vi que tenho distúrbio de ansiedade", conta Stella Lima | Foto: Saulo Ohara



Foi de repente que o jovem de 27 anos, que prefere não se identificar, sentiu as consequências de uma vida acelerada. No fim de 2012, após o encerramento do ano letivo da faculdade de engenharia, ele teve um surto psicótico, o que assustou o rapaz e sua família. "Foi algo muito forte e que tive que ficar afastado de tudo por cerca de 80 dias. Fui para a casa dos meus pais me cuidar", relembra.

No início, o quadro foi diagnosticado como esquizofrenia, doença que gera delírios, alterações do pensamento e da afetividade, além da diminuição da motivação. "A partir deste episódio comecei a tomar remédios e procurei tratamento médico com terapeuta e psicóloga", conta. "Mesmo melhorando, me sentia muito sozinho. Para mim faltava alguma coisa."

Neste momento, o rapaz começou a pesquisar, na internet, grupos que pudessem ajudá-lo. Foi então que descobriu o Neuróticos Anônimos. Já são dois anos frequentando as reuniões ativamente. "No começo sentia um pouco de vergonha por estar lá. Porém, com o tempo, vi que era preciso levantar a cabeça e que não adiantava ficar pensando no que aconteceu. O grupo me ajudou muito nisso e deu a chance de um autoconhecimento muito grande", destaca.

Após o susto, ele afirma que passou a respeitar seus limites, dosando as atividades, principalmente as relacionadas ao trabalho, para que não venha sofrer novamente com problemas emocionais. "Hoje sei me cuidar melhor que antes. Faço o que preciso, prático esportes, trabalho e namoro. Busquei retornar minha rotina, de forma menos acelerada e levar uma vida normal", relata. "Os médicos me falaram que evoluí da esquizofrenia para bipolaridade", comemora.(P.M.)