''Se eu sobreviver o mundo me espera e ele é todo meu''. Durante um exame de rotina, Bruna (nome fictício) descobriu um nódulo no seio direito. Na época, há doze anos, o médico ginecologista que atendeu a vendedora disse que não era necessário intervir porque o problema devia ser acompanhado no próximo exame preventivo a ser realizado somente no ano seguinte. Ela conta que um ano depois procurou outro médico que pediu uma biópsia logo que identificou o nódulo. Exames mostraram que em vez de um, havia dez nódulos no local. ''Em apenas uma semana eu descobri que tinha câncer, fiquei sabendo que seria necessário retirar a mama e fiz a mastectomia'', contou.
Diante de uma notícia como esta, cada pessoa reage de uma forma e Bruna decidiu encarar o problema da melhor maneira possível: sorrindo. Ela explicou que a mama poderia ter sido reconstruída na mesma cirurgia em que foi feita a retirada, mas não quis. ''Falei para o médico que se a mama tinha estragado, que era para jogar fora porque naquele momento a saúde era mais importante do que a estética''. Para driblar a queda dos cabelos, ela fez duas perucas - uma com os cabelos doados pela irmã.
Foram necessários 24 pontos no peito da Bruna para fechar o corte da cirurgia. Além disso ela passou por um ano de quimioterapia e um mês com sessões diárias de radioterapia. Bruna ficou sem fazer a reconstrução da mama por três anos, neste período ela usava uma prótese que é colocada dentro do sutiã. ''Eu estava bem comigo mesma. Pensava que queria viver. Não parei de trabalhar em nenhum momento e isso me fez bem porque me mantinha ocupada'', lembrou.
A decisão de reconstruir a mama surgiu por acaso, quando a vendedora conheceu uma mulher que havia passado pelo procedimento. ''Fiquei curiosa e pedi para ela me mostrar como tinha ficado. Quando vi, fiquei com vontade de fazer'', afirmou. Foram várias cirurgias até o resultado final.
Além do contorno corporal, Bruna recuperou sua vida social. ''Eu me senti segura para voltar a procurar namorado depois de ter feito a reconstrução''. A cicatriz não incomoda a vendedora. ''Isso não é nada perto do crescimento pessoal e espiritual que tive com esta experiência. Passei a ver a vida de outra forma e valorizar mais cada momento''. (M.A.)