"A doença mudou tudo. Hoje tenho mais tempo com minha família e admiro as pessoas que estão enfrentando a doença", diz Eloísa Polverini Negri
"A doença mudou tudo. Hoje tenho mais tempo com minha família e admiro as pessoas que estão enfrentando a doença", diz Eloísa Polverini Negri | Foto: Marcos Zanutto



Cambé - "Foi em 13 de agosto de 2013. Não esqueço a data em que recebi a notícia de que eu tinha Linfoma de Hodgkin. Eu estava com 24 anos e não sentia absolutamente nada. Meus exames de sangue estavam normais. Até que um dia acordei com o pescoço dolorido e senti um caroço muito pequeno, próximo à clavícula".

Esse é o relato de Eloísa Polverini Negri, de 28 anos, criadora da página no
Facebook "#TamoJunto – a batalha contra o Linfoma de Hodgkin", com mais de dois mil seguidores. Como o nome já diz, o objetivo é unir experiências entre portadores da doença. "Nunca imaginei esse alcance, tanta gente me pedindo informação. Essa troca foi uma grande ajuda, pois era uma forma de distração e de eu colocar para fora tudo o que estava acontecendo. Foi uma maneira de dividir esse peso e enxergar algo muito positivo naquele momento", revela.

Após 12 sessões de quimioterapia, uma bateria de exames e muita troca de informações, Eloísa completou o tratamento de 1ª linha com sucesso e agora faz acompanhamentos semestrais. "Meu tumor estava em estágio 2 e estava localizado do diafragma para cima, em toda essa região, mas felizmente estou em remissão desde fevereiro de 2014", conta.

Eloísa é moradora de Cambé (Região Metropolitana de Londrina) e quando foi diagnosticada com LH - após três meses de investigação - trabalhava como nutricionista em um hospital em Londrina. Com dores no pescoço, buscou três especialistas (infectologista, pneumologista e endocrinologista) mas nenhum confirmou o diagnóstico.

"Como eu havia tomado vacinas naquele período, trabalhava-se com a hipótese de ser uma reação da vacina. E, de fato, meus exames de sangue e até uma punção que fiz não revelavam nada. Na verdade era um falso negativo. Eu saía dos consultórios com a seguinte recomendação: vida normal", cita.

Mas o caroço não sumia e aos poucos, foram surgindo dores nas costas e coceira. Eloísa chegou a ser orientada a procurar um cirurgião de cabeça e pescoço para fazer uma biópsia. "Fiquei com medo e não agendei. Um mês depois, no hospital onde eu trabalhava, encontrei com um cirurgião oncológico que me avaliou rapidamente e pediu uma consulta. Foi aí que comecei a me dar conta que era algo importante", completa.

Por conta do linfoma, Eloísa teve que se ausentar do trabalho, mas no retorno, optou em trabalhar no comércio da família. "Mudei de área. Fiz um curso técnico de Design de Interiores e montei um setor de decoração na loja. A doença mudou tudo. Hoje tenho mais tempo com minha família e admiro as pessoas que estão enfrentando a doença. Tento abordá-las, conversar, seja pessoalmente ou na internet", desabafa.

Agora, Eloísa segue motivada em falar sobre o Linfoma de Hodgkin para mostrar às pessoas que está bem, que enfrentou a queda de cabelo, o preconceito e todas as demais barreiras que a doença impõe. "Acreditei desde o início que eu ia me curar, que iria ficar bem. Esse sentimento foi muito importante durante todo o processo", conclui. (M.O.)