O diagnóstico do Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) deve ser feito por um médico que além de identificar os sintomas da doença vai investigar se há outras patologias que podem ocasionar sintomas semelhantes. "Clinicamente o paciente tem que ter uma série de sintomas relativos ao deficit de atenção e à hiperatividade por um certo período, de pelo menos seis meses, sem outra causa que justifique e gerando impacto na funcionalidade em pelo menos dois ambientes da vida – em casa e na escola, no clube ou na igreja", explica o neurologista Roger Soares.

O TDAH pode ser diagnosticado por vários especialistas, como o neurologista, o neuropediatra, o psiquiatra e até mesmo um clínico geral, mas Soares afirma que nem todos os profissionais têm a consciência do problema, daí a dificuldade de um diagnóstico preciso. Além dessa dificuldade, mesmo entre os especialistas há divergências acerca da confirmação do transtorno.

Enquanto Soares é categórico ao afirmar que há subnotificação do TDAH e muitas pessoas convivem com o problema sem saber que são portadoras da doença, a psicóloga do ambulatório de TDAH da Policlínica Municipal de Londrina, Alessandra Mara Batista de Souza, fala em diagnósticos em excesso. "Tudo hoje é TDAH e não é bem por aí", diz ela. "Tem muita criança com diagnóstico de TDAH sem ter TDAH. Uma criança que não para, que tem uma motricidade acelerada, não necessariamente tem a doença. Esses sintomas eu vou encontrar em crianças que têm problemas em casa, na família. Esse conflito de diagnóstico acaba gerando uma demanda muito grande e aí fica complicado você dar respaldo. Se colocasse um serviço de referência em Londrina, um centro de TDAH, ia dar dois meses e ia ter fila de espera."

O aumento progressivo da quantidade de estudos científicos a respeito da doença, ressalta o neurologista, permite aos profissionais compreenderem o processo de desenvolvimento do TDAH e melhorarem as estratégias de diagnóstico e tratamento. "Falta maior divulgação e aumentar a consciência das pessoas sobre o problema. (É preciso) uma maior participação dos pais e dos professores no acompanhamento do aprendizado das crianças. Os professores têm que ficar bem atentos porque eles são às vezes os primeiros a identificar as dificuldades das crianças", alerta Roger Soares.(S.S.)