O cirurgião-dentista Maurício Duarte da Conceição, que é especialista em Halitose e mestre em Psicologia, uniu essas duas experiências para estudar o impacto emocional, psicológico e mental relacionados à halitose.

De acordo com ele, a relação mais intensa é entre a queixa (ou convicção) em ter halitose e as consequências que essa convicção traz, levando a pessoa à insegurança, baixa autoestima, isolamento social e perda de espontaneidade. "Em outras palavras, muitas pessoas não têm mau hálito, mas devido à certeza em ter o problema e que este é facilmente percebido pelos demais, desenvolvem essas consequências. Por outro lado, muitos daqueles que têm um forte mau hálito não percebem", comenta.

Ainda de acordo com o especialista, entre as consequências que a halitose pode desencadear estão "falar menos, não falar de perto, desviar o rosto para falar, escovar os dentes e língua várias vezes, interpretar erroneamente gestos e atitudes normais das pessoas como se fossem manifestações de repugnância ao 'mau hálito', deixar de ir a compromissos, limitações na convivência social, profissional e afetiva, sentimentos de baixa autoestima, entre outras."

EXPOSIÇÃO AO VIVO
Em relação ao tratamento da halitose e as consequências psicológicas, Conceição aplica a exposição ao vivo para a insegurança do paciente. Isto é, depois de o hálito estar devidamente tratado, é necessário que o paciente cheque o "bom hálito" inúmeras vezes, tanto na clínica como em casa com uma pessoa de confiança.

Com isso, a sucessão de resultados positivos irá lentamente dessensibilizar a pessoa com relação a todos os medos e convicções equivocadas que ela adquiriu por sofrer com o problema.

"Já na análise de psicopatologias associadas à queixa em ter halitose, é importante na avaliação inicial do paciente fazer uma triagem a respeito do Transtorno de Ansiedade Social, mesmo que usando uma ferramenta simples como o Mini-SPIN (mini inventário de fobia social)", aponta.

Para concluir, o especialista comenta que a maioria dos casos não necessita de indicação para profissionais da área de saúde mental. "Pelas estatísticas da minha clínica, em torno de 2% dos pacientes precisarão desse tipo de encaminhamento", contabiliza. (M.O.)