Hipercolesterolemia. O nome é complicado, mas a doença é simples. O perigo é que é assintomática. Dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) apontam que em 2012, cerca de 40% dos brasileiros tinham índices elevados de colesterol ruim (LDL).
As alterações no colesterol estão diretamente relacionadas ao aparecimento de doenças coronarianas. Todos os anos cerca de 300 mil brasileiros morrem em função de problemas cardíacos e os especialistas garantem que controlar os índices de colesterol é o primeiro passo para prevenir este tipo de ocorrência.
Apesar da maioria das pessoas acreditar que esta é uma doença relacionada à idade adulta, neste ano que se comemora 10 anos do Dia Nacional de Controle do Colesterol, no dia 8 de agosto, a SBC aponta que uma em cada cinco crianças e adolescentes com idades entre 2 e 19 anos tem o colesterol elevado. As pesquisas mostram que 8% deste público possui altos valores do LDL e 45% apresenta baixos níveis de HDL, o colesterol bom.
O número de diagnósticos de crianças e adolescentes com colesterol alterado está aumentando. A médica endocrinopediatra Sandra Maria Marcantonio, acredita que o esta alta está mais relacionada as medidas cada vez mais preventivas da medicina do que, propriamente, pela elevação de casos. "As pessoas buscam saber mais sobre a saúde e muitas vezes mais informação significa mais diagnósticos", destaca. Conforme ela, o colesterol alto é o fator mais importante para o surgimento da doença arteriosclerótica, ou arteriosclerose, que nada mais é do que o aparecimento de placas de gordura nas artérias.
Genética, evolutiva, crônica e degenerativa, a doença que traz consequências apenas na idade adulta, geralmente começa bem cedo, ainda na infância. A médica explica que crianças com apenas cinco anos já podem apresentar estrias de gordura nas artérias. Por ser crônica e degenerativa, a endocrinopediatra salienta que os cuidados com a alimentação e os hábitos saudáveis, como a prática de atividade física, devem perdurar por toda a vida.
A causa das alterações no colesterol é multifatorial. A obesidade associada ao sedentarismo favorece o problema, mas nem todas as pessoas obesas possuem colesterol alterado. As famílias com pessoas que apresentam histórico de infarto, doenças vasculares, hipertensão arterial e diabetes precisam redobrar a atenção sobre as crianças, já que elas têm 50% de chances de apresentar hipercolesterolemia, mesmo se estiverem dentro do peso ideal. De acordo com a médica, as crianças destas famílias devem fazer exames para diagnosticar o problema.

Sandra Marcantonio explica que a maioria das crianças consegue reduzir os níveis de colesterol com alteração alimentar e inclusão de atividade física na rotina, somente em alguns casos isolados é preciso utilizar medicamentos. "Como é uma doença assintomática fica difícil convencer a criança a respeito da necessidade de mudar os hábitos", salienta. A médica entende que o tratamento do colesterol na infância é preventivo e colabora para uma vida adulta mais saudável. Segundo a endocrinopediatra, o colesterol aumentado em si não interfere no desenvolvimento da criança. Ela esclarece ainda que a puberdade precoce está mais relacionada à questão da obesidade, que faz parte de um conjunto de fatores que causam este tipo de resultado.