O cirurgião Áureo Ludovico de Paula explica que tem realizado a cirurgia de gastrectomia vertical com interposição ileal (GVII) por uma decisão da Justiça, contrária ao posicionamento do Conselho Federal de Medicina (CFM). Segundo ele, a decisão ocorreu juntamente com a opinião de especialistas que avaliaram o caso.

"Para mim, o grande conflito é pelo impacto dos resultados. Com essa cirurgia conseguimos controlar o diabetes em 85% a 90% dos casos, assim como o colesterol elevado, hipertensão, além da redução de peso", ressalta ele, completando que a modalidade cirúrgica existe desde 1928, com publicação na revista "Annals of Surgery". Para obesidade, ela é empregada desde 1985.

Em entrevista na televisão, o senador Romário declarou que o objetivo de ter se submetido à intervenção era controlar o diabetes, pois sua glicemia estava perto de 400 mg/dl, sendo que a recomendação é manter um nível abaixo de 100.

A assessoria do CFM informou que a técnica pode ser empregada no tratamento de casos de obesidade mórbida e não para o tratamento de doenças metabólicas. "Com essa finalidade, ela pode ser realizada apenas em caráter experimental", conforme resolução CFM nº 2.131/2015.

Imagem ilustrativa da imagem 'Conseguimos controlar o diabetes em 85% dos casos'



Entre as justificativas estão a dificuldade técnica para a realização da cirurgia e o desconhecimento dos efeitos da mesma nos pacientes a longo prazo. Ainda de acordo com o órgão, as técnicas consideradas experimentais ou em investigação deverão ser realizadas sob protocolo de pesquisa, sob supervisão de Comissões de Ética (CEP) e/ou Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep).

Questionado sobre o caráter experimental, De Paula responde que a Câmara Técnica de Cirurgia Bariátrica e Metabólica do CFM aprovou a GVII em 2010 como não experimental e salienta que o procedimento já é realizado por ele há mais de 10 anos, com estudos científicos disponíveis na internet. "Ela não é experimental", completa.

O cirurgião ainda comenta que a interposição ileal, "assim como toda cirurgia, tem os riscos do próprio procedimento e os riscos inerentes da própria doença." De Paula afirma que já houve mortes e explica que em pacientes com o IMC abaixo de 35, a taxa de mortalidade é de 0,4%. "Ninguém está falando de uma cirurgia que não envolve riscos, mas ela é tão segura quanto as cirurgias tradicionais para obesidade", completa. (M.O.)