A campanha Novembro Azul surgiu para levar informação à população sobre o câncer de próstata (CaP). O objetivo é conscientizar os homens na faixa dos 50 anos sobre a importância de visitar o urologista e realizar exames que detectam a doença. Foi por meio dessa campanha, anos atrás, que o londrinense Francisco de Paulo Souza, 61, passou a frequentar o consultório médico anualmente. Em uma dessas visitas, o médico observou uma alteração no exame de sangue chamado PSA (Antígeno Prostático Específico) e passou a acompanhá-lo frequentemente durante um ano.

No terceiro teste que era realizado a cada seis meses, veio o diagnóstico de CaP. "Faço questão de dizer que não tive nenhum sintoma. Não sentia absolutamente nada", afirma o funcionário público aposentado. Souza já tinha feito exames de toque, mas só uma biópsia atestou o resultado.

O chefe de Urologia do HCL (Hospital do Câncer de Londrina), Paulo Emílio Fuganti, ressalta que os exames PSA e toque são indispensáveis, pois na análise sanguínea é possível detectar qualquer alteração e o de toque pode revelar outras doenças além do CaP. "Décadas atrás, muitos pacientes morreram em decorrência do câncer avançado porque não existia o rastreio através do PSA. Hoje é diferente. Já podemos detectar o tumor precocemente. Não é uma prevenção, mas podemos descobrir a doença em um estágio tratável ou remediável", afirma.

IDADE
Estudos apontam que a avaliação inicial dos homens deve acontecer a partir dos 50 anos. Isso porque o CaP está ligado diretamente ao envelhecimento. "A média de idade do câncer de próstata é de 66 anos, mas o histórico familiar é uma importante fonte de informação, pois aumenta as chances do indivíduo desenvolver a doença", afirma.

Além da herança familiar, indivíduos de pele negra também têm mais chances de desenvolver a doença. Nesses casos, a recomendação é que procurem o urologista a partir dos 40 anos. No entanto, Fuganti explica que a avaliação não precisa ser necessariamente anual. "Estudos sugerem critérios para avaliação e tratamento, como a expectativa de vida do paciente. Temos que levar em conta quanto tempo de vida a pessoa tem, uma vez que a doença acomete principalmente indivíduos com idade avançada e que muitas vezes apresentam outras doenças associadas", diz.

Essa medida é praticável porque, segundo o urologista Fernando Terziotti, do HCL, esse tipo de tumor é indolente, ou seja, de progressão lenta. Em relação ao tratamento, ele afirma que a cirurgia é indicada apenas para os tumores em estágio inicial, visando uma maior sobrevida do paciente. "Os pacientes avançados comumente apresentam metástase e vão se beneficiar do tratamento hormonal. Sessões de quimioterapia e radioterapia também podem ser prescritas dependendo do caso", completa.

De acordo com a SBU (Sociedade Brasileira de Urologia) "o tratamento definitivo (cirurgia) deve ser indicado caso seja identificada progressão da doença em pacientes com expectativa de vida maior que 10 anos, poupando pacientes com tumores indolentes das consequências do tratamento."

O aposentado Souza, que estava sendo acompanhado de perto pelo urologista, passou pela cirurgia para remoção da próstata há cerca de quatro meses. Após o uso de sonda por 15 dias, fez algumas sessões de fisioterapia e hoje comemora a boa saúde. "Retornei esses dias ao médico e está tudo bem. Meu receio era ter que abrir mão de algumas atividades por conta da cirurgia, mas estou liberado para fazer coisas que gosto, como pescar, viajar. É vida normal", comemora.

Imagem ilustrativa da imagem Câncer de próstata, uma doença silenciosa e perigosa



'São 500 novos casos todo ano em Londrina'
O câncer de próstata (CaP) é o segundo tipo mais comum e de maior causa de óbito oncológico entre a população masculina. O Inca (Instituto Nacional do Câncer) estima em 61.200 novos casos em 2016/2017 no Brasil e revela que cerca de 25% dos pacientes ainda morrem em decorrência da doença.

Além disso, aproximadamente 20% dos homens são diagnosticados em estágios avançados. Para uma estimativa local, o chefe de Urologia do HCL (Hospital do Câncer de Londrina), Paulo Emílio Fuganti, utiliza a estatística da região que indica 100 casos novos a cada 100 mil habitantes.

"Ou seja, considerando que temos pouco mais de 500 mil habitantes, são 500 novos casos todo ano em Londrina", contabiliza. No HCL, são operados cerca de 200 pacientes por ano, com tumores iniciais. No Estado, a Secretaria de Saúde calcula aproximadamente cinco mil casos para 2017. (M.O.)

Fisioterapia é primordial após a cirurgia
O garçom João Aparecido Marcelino, 49, está nas últimas sessões de fisioterapia. Ele passou pela cirurgia há pouco mais de um mês, em Londrina, para remoção da próstata. "Estou me sentindo bem e impressionado com a rápida recuperação. Já voltei até a trabalhar", conta ele, que descobriu o tumor em 2015, em fase inicial, e desde então vinha sendo acompanhado pelo médico.

As fisioterapeutas Lisânia Yukie Saisu e Alini Cardoso Mati explicam que no pós-operatório é importante que os pacientes façam sessões de fisioterapia para reeducação muscular. "Os exercícios vão ajudá-los a ter uma recuperação mais rápida, pois o objetivo é resgatar a continência nesses homens, isto é, a terem controle sobre a urina", comenta Saisu.

Segundo Mati, quando os pacientes não têm esses estímulos, a incontinência urinária pode levá-los a usar fraldas durante muito tempo, impactando na qualidade de vida. "Muitas vezes, só deles sentarem ou levantarem escapa urina. Por isso, o quanto antes eles exercitarem o períneo, mais rápido vão conseguir conter urina", diz. (M.O.)