O médico geriatra José Roberto de Almeida, de Londrina, explica que quando se trata de digestão na terceira idade as dificuldades já se iniciam na boca. As papilas gustativas, responsáveis por reconhecer o sabor dos alimentos, vão perdendo a sensibilidade com o passar dos anos e fazem com que muitos abusem do sal e do açúcar.

A mastigação perde a eficiência, considerando que a maioria dos idosos não possui a dentição adequada. "Muitos usam prótese e se sentem desconfortáveis em mastigar alimentos mais consistentes, por isso é interessante escolher bem o alimento e prepará-lo de acordo com a capacidade, com texturas mais pastosas ou líquidas. É o caso da carne, por exemplo. A boa digestão começa na mastigação", ressalta.

O médico lembra que algumas situações podem deixar sequelas no trato digestivo, como acidente vascular cerebral (AVC) e doença de Parkinson, que comprometem a atividade do esôfago, causando refluxo e dificuldade na deglutição. Por isso o cuidado específico na escolha dos alimentos para essas pessoas.

Outras questões também dificultam a retenção dos nutrientes. Em decorrência do tempo, o estômago se desgasta e sofre alteração na superfície de absorção. Há também a diminuição na velocidade do trânsito intestinal, que favorece a constipação.

O médico reforça a importância de incentivar a ingestão de líquidos, pois é comum que pessoas de idade avançada se esqueçam de tomar água. "No idoso, a sensibilidade para sede é reduzida, ele tem mais predisposição à desidratação e complicações renais por conta dessa baixa ingesta líquida", alerta. Segundo ele, incluir sucos e chás entre as refeições pode servir como estímulo e aumentar a hidratação, mas nunca se deve substituir a água e as refeições por outros líquidos na rotina do idoso. (L.T.)