Desde criança, o artista visual Gustavo Sandoval Dantas percebia que tinha dificuldade de concentração, mas foi só por volta dos 20 anos de idade que tomou consciência de que sofria de deficit de atenção. O despertar para o problema veio com a leitura do livro Mentes Inquietas, da psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva. Gustavo reconheceu-se no texto e decidiu procurar ajuda profissional. Ele passou a fazer terapia e a tomar metilfenidato e um ansiolítico. Hoje, aos 40 anos, ele não faz mais uso da medicação e o tempo que passou na psicanálise permitiu que ele "melhorasse bastante". "Ainda tenho algumas dificuldades, não estou 100% até hoje, mas já melhorei bem. Estou bem mais organizado e sou muito pontual."

Ele conta que a falta de foco e de concentração ocasionou transtornos durante muito tempo na sua vida e foi motivo de sofrimento. "Eu tinha um problema muito sério de marcar uma coisa e não fazer. Eu marcava compromisso e não ia e não era de propósito. Tinha dificuldade de entregar trabalhos e cumprir prazos. Isso me deixava mal, ficava triste. Sabia que estava fazendo algo errado, mas não conseguia fazer diferente."

A dificuldade de cumprir as tarefas com as quais havia se comprometido o levava à depressão. "Você se sabota. Parece que tem um outro você dentro da sua cabeça jogando contra você mesmo", compara.

A medicação o ajudava a ter foco, mas ele reconhece que foi por meio da terapia que vieram as mudanças mais significativas. "A terapia resolveu um monte de coisa. Na questão da pontualidade eu melhorei 100% e foi do dia para a noite. Foi rápido. Na terapia foi que eu me liguei do que acontecia e no outro dia eu já era outra pessoa. A terapia me ajudou a me enxergar."

Hoje, Gustavo diz que já consegue até relaxar com a organização sem que a sua casa "vire um caos". "Aprendi a dar uma desencanada das coisas. Eu deixo rolar para não sofrer, mas não deixo virar um caos." (S.S.)