Imagem ilustrativa da imagem VIOLÊNCIA - Realidades diferentes, preocupação igual
| Foto: Gina Mardones
Violência sexual é o maior medo de Leandra Cabral em relação à filha Laisla, de 13 anos: proteção acima de tudo



Laisla tem 13 anos e mora em um bairro de classe média na zona leste de Londrina. Cristlly, aos 15, vive em um bairro periférico na mesma região da cidade. Enquanto a mãe de Laisla faz questão de acompanhar todos os passos da filha por medo, principalmente, que ela sofra algum tipo de violência sexual, o padrasto de Cristlly teme que a enteada, criada desde muito pequena como filha, acabe influenciada pelos riscos do tráfico de drogas que ronda a região onde vivem. Os medos são diferentes, mas o tamanho da preocupação diária é a mesma. Muita conversa e presença na vida dos filhos são os caminhos encontrados por estas duas famílias para tentar evitar que os adolescentes sejam expostos a riscos.
"Quero proteger minha filha de algumas situações que considero arriscadas", afirma a proprietária de uma escola de dança Leandra Cabral, mãe de Laisla. Ela ainda não deixa a filha percorrer pequenos percursos sozinha por acreditar que o mundo está cada vez mais perigoso. "A violência está banalizada e os valores estão invertidos. Minha maior preocupação é que Laisla seja protegida", conta ela.
O grande medo da mãe é o risco de violência sexual. Por isso, conversa bastante com a filha sobre o assunto e a orienta a reconhecer situações perigosas. "Sempre digo para ela observar o entorno, ver se não está sendo seguida", conta. A adolescente, por sua vez, compartilha do temor da mãe e, quando está sem a família, busca estar sempre acompanhada de amigos para minimizar os riscos.
Ela criou recentemente uma conta no Facebook e já aprendeu que não pode adicionar desconhecidos. "Converso muito sobre os riscos das redes sociais com a minha mãe e procuro não me expor", conta Laisla, que também não fornece dados pessoais na internet.
Apesar de confiar bastante na filha, Leandra percebe que a adolescente ainda guarda a inocência da infância e, por isso, não descuida. "Às vezes ela questiona a falta de liberdade para andar sozinha, mas ainda acho que está cedo. A segurança dela é mais importante", acredita.
O excesso de proteção também é o caminho encontrado pelo vendedor e caixa Anderson Eufrásio para minimizar os riscos a que está exposta a enteada Cristlly. "Se a gente não cuida, perde o filho para o mundo", acredita ele, que se preocupa principalmente com a influência de amigos e o tráfico de drogas praticado por adolescentes da mesma idade no bairro onde vivem.
Ele teme, inclusive, pelo ambiente da escola, onde observa a presença de muitos alunos com parentes envolvidos com drogas. "Tenho medo porque é uma 'modinha' as meninas se relacionarem com traficantes, elas acham que vão ficar populares", aponta ele, que pela rigidez no comportamento acaba sendo questionado pela enteada. "Procuro conversar bastante para ver se ela entende minha preocupação. Todos os dias, no caminho do trabalho para casa, alguém me oferece drogas ou me pede dinheiro para comprar drogas. É um medo real", explica. (C.A.)