Lucio Flávio Cruz
Reportagem Local
  Londrina – O município de Londrina fechou o ano de 2012 com 129 homicídios. O número é mais que o dobro do índice preconizado pela Organização Mundial da Saúde. A OMS considera que a violência está controlada quando o número de assassinatos fica abaixo de dez para cada grupo de cem mil pessoas. Em Londrina, o índice ficou em 25. Para se encaixar dentro do índice, a cidade poderia ter, no máximo, 52 homicídios anuais.
  Os crimes contra a vida no ano passado tiveram aumento de 25% em relação a 2011, quando 103 pessoas foram mortas, de acordo com dados das polícias Civil (PC) e Militar (PM). É o maior número de mortes violentas desde 2010, quando foram registrados 108 assassinatos.
  Das 129 mortes, 18 foram em confrontos com a polícia. A Polícia Civil não considera estas ocorrências homicídios, por isso, segundo a PC, a cidade teve 111 assassinatos no ano passado. Em 2011, aconteceram 93 homicídios e mais 10 pessoas morreram em embates policiais.
  ‘‘O aumento de mortes é um dado que nos traz preocupação, mas está dentro de uma normalidade em relação aos números dos últimos anos’’, ressalta o delegado-chefe da 10ªSubdivisão Policial (SDP), Márcio Amaro. ‘‘2011 foi um ano um pouco atípico se levarmos em consideração que tivemos 130 homicídios em 2009 e 128 em 2008’’, avalia.
  Ainda segundo a Polícia Civil, das 111 pessoas mortas em Londrina, apenas 10 eram mulheres e 85% dos homicídios foram cometidos com armas de fogo. Os dados mostram que 90% dos crimes têm relação direta com o tráfico de drogas. ‘‘São situações de briga entre os próprios integrantes dos grupos que vendem entorpecentes por disputa de poder e de espaço’’, ressalta o delegado.
  No mês de outubro, quando foram registrados 12 homicídios, quatro deles aconteceram por confrontos de gangues que controlam o tráfico na zona oeste de Londrina. Segundo Amaro, entre 75% e 80% dos homicídios foram solucionados pela polícia.
  Segundo o delegado Márcio Amaro, o objetivo dos órgãos de segurança do Estado é diminuir os números da violência na cidade e se aproximar da taxa de homicídio preconizada pela Organização Mundial da Saúde. O governo do Paraná havia estipulado uma meta no início de 2012 de diminuir em 20% o número de homicídios no Estado.
  ‘‘A criação da delegacia de homicídios no ano passado trouxe um ganho grande para a investigação. E estamos aguardando para 2013 a chegada de mais viaturas, equipamentos e também um novo concurso para delegados’’, frisa Amaro.
  Antes da instalação da delegacia, o setor de homicídios em Londrina tinha apenas quatro investigadores, um escrivão e um delegado. Hoje são dez investigadores, três escrivães e um delegado.
  ‘‘A diminuição do número de mortos vai acontecer com a tomada de várias atitudes conjuntas, entre elas a repressão forte ao tráfico de drogas e a resolução rápida dos crimes para evitar a sensação de impunidade’’, acrescenta.

Desigualdade social
  Para a advogada Caroline Thon, integrante da Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), subseção Londrina, o crescimento do número de homicídios é o reflexo da somatória de vários problemas sociais. ‘‘Percebemos que há uma desigualdade social muito grande em Londrina, falta acesso à justiça para muitas pessoas, (outro problema é) a ausência de uma Defensoria Pública, a superlotação dos presídios. São fatores que contribuem para o aumento do número de crimes’’, ressalta.
  Procurada pela reportagem, a Secretaria de Estado da Segurança Pública informou que se pronunciaria somente amanhã, quando deve concluir o levantamento e divulgar os números consolidados de assassinatos ocorridos no Paraná.

Leia a reportagem completa em conteúdo exclusivo para assinantes da FOLHA.

- Rolândia reduz crimes com combate ao tráfico

- Cidades menores têm clima passivo

- Cambé tem índice mais alto da região