Filho de policiais militares, estudante de 14 anos usou uma pistola.40 para cometer o ataque
Filho de policiais militares, estudante de 14 anos usou uma pistola.40 para cometer o ataque | Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo



Goiânia - Dois adolescentes, de 12 e 13 anos, morreram e outras quatro pessoas ficaram feridas no final da manhã desta sexta-feira (20) em um ataque a tiros na escola particular Goyases, em Goiânia. O adolescente que disparou os tiros tem 14 anos, é estudante do oitavo ano da escola e filho de militares, de acordo com a Polícia Militar. Ele foi apreendido pela polícia e encaminhado para a Depai (Delegacia de Apuração de Atos Infracionais).

Segundo o Corpo de Bombeiros, por volta das 11h50, uma mulher ligou para um serviço de emergência e se identificou como professora do colégio, que fica no bairro setor Riviera. Ela contou que uma pessoa estava efetuando disparos no local. João Vitor Gomes e João Pedro Calembo morreram na sala de aula logo após os disparos. Ficaram feridos duas garotas de 14 anos, uma de 13 e um garoto também de 13 anos. Ao menos três ficaram em estado grave.

De acordo com Luiz Gonzaga Júnior, delegado titular da Delegacia de Polícia de Apuração de Atos Infracionais, o estudante usou uma pistola.40 da mãe que, assim como o pai, é policial militar em Goiás. Ele escondeu a arma na mochila ao entrar no colégio e começou a ação no fim do período de aulas. O garoto disparou ao menos 11 tiros, segundo o delegado de Homicídios de Goiânia Francisco Costa. "Tem marcas de tiros nas paredes e no chão. A gente encontrou até agora 11 cápsulas (de balas) e alguns projéteis espalhados", afirmou Costa, logo após deixar o local. "Vi dois corpos (de alunos) dentro da sala revirados, várias marcas de sangue, do terceiro andar até o térreo, algumas salas reviradas", contou.

Alunos disseram que o adolescente sofria bullying e tinha o apelido de "fedido", segundo eles, porque não usava desodorante. Ao menos nove estudantes relataram o apelido à reportagem, seis da classe dele. A polícia confirma a mesma apuração. Atirador e vítimas eram da mesma sala. Na porta do colégio, estudantes disseram à reportagem que o atirador é "muito inteligente e muito calado".

Segundo Gonzaga Júnior, o jovem pegou a arma em um móvel de casa na noite de quinta-feira (19).
A arma ainda guardada na mochila fez um disparo acidental. Ele então atirou em um colega que tinha como desafeto e morreu.

O delegado Gonzaga Júnior não confirmou, mas alunos da escola disseram que ele tinha inimizade com João Pedro Calembo. Ele já havia pensado em matar o colega há cerca de três meses, quando começou a pesquisar crimes em escolas nos EUA e no Rio. Ele disse à polícia que se inspirou em duas tragédias - o massacre de Columbine, em 1999, nos EUA, e o de Realengo, em 2011, no Rio de Janeiro. Em seguida, de acordo com o titular da Delegacia de Polícia de Apuração de Atos Infracionais, ele disse "vocês vão todos morrer" e atirou nos outros colegas.

Nesse momento, atingiu João Vitor Gomes, que era seu amigo. "Motivado por esse bullying, ele resolveu executar colegas. Primeiro este colega e depois, segundo ele, teve vontade de matar mais", afirmou Gonzaga Júnior. A polícia informou que o adolescente foi contido pela coordenadora da escola. O atirador apontou apontou a arma para a própria cabeça, mas a coordenadora o convenceu a não disparar.