"Meu negócio vai bem, consegui pagar o investimento no primeiro ano", comemora  Homsi
"Meu negócio vai bem, consegui pagar o investimento no primeiro ano", comemora Homsi


No Brasil desde 2014, o cabeleireiro sírio Majd Homsi, 22, enfrentou muitos desafios até conseguir montar o salão de beleza que já vai comemorar dois anos no centro de Londrina. A profissão que ele exerce foi aprendida com profissionais mais experientes na Síria, onde ele começou a trabalhar aos 12 anos. "Trabalhei quase cinco anos nessa área, mas aí começou a guerra e tudo ficou mais difícil. O percurso que antes eu fazia em meia hora para chegar ao trabalho passou a durar três horas por causa das blitze da polícia. Até tentei trabalhar em um salão mais perto de casa, mas não funcionou. Foi por causa da guerra, também, que deixei a escola depois que terminei o ensino fundamental", conta.
Apesar da vida dificultada pela guerra, a decisão de deixar o país foi motivada pela proximidade dos 18 anos e, com o aniversário, a certeza de ser convocado para o exército e ter que lutar na guerra civil que envolve o governo sírio, diversos grupos rebeldes locais que protestam contra o governo autoritário, líderes de outros países e terroristas. Desde que o conflito começou, quase 500 mil pessoas já morreram. "Tive muitos amigos que morrerem três ou quatro meses após terem sido convocados", relata Homsi.
Antes de viajar ao Brasil, onde foi acolhido por um tio, ele passou seis meses no Líbano esperando o irmão mais velho juntar a documentação necessária para pedir refúgio. "Meu irmão atualmente vive na Alemanha", conta.
O tio, segundo ele, vive na região de Londrina há 40 anos e sempre se mostrou disposto a ajudar os sobrinhos. Foi o parente, aliás, que o apresentou ao primeiro salão onde trabalhou em Londrina e também quem emprestou os recursos para abrir o estabelecimento próprio. "Meu negócio vai bem, consegui pagar o investimento no primeiro ano", comemora.
A maior dificuldade do jovem no Brasil foi aprender a falar português, o que ele conquistou ajudando na loja da família e treinando a escrita com a tia. Apesar de já trabalhar na área de estética, ele fez o curso profissionalizante do Senac para poder se registrar como cabeleireiro no Brasil. Sobre os primeiros meses no País, ele garante que os brasileiros sempre foram muito receptivos. "Gosto muito de Londrina, quero construir minha vida aqui", planeja ele, que voltou a estudar em um curso de Educação de Jovens e Adultos e já planeja se inscrever no vestibular para engenharia civil.
A saudade dos pais e irmãs que continuam na Síria é a única tristeza que acompanha o jovem refugiado. "Fico triste ao pensar que nunca mais poderei voltar à Síria, o país onde fui criado e de onde tive que fugir por causa de uma guerra que nem entendo", lamenta.