Apesar das vantagens comprovadas da bicicleta como meio de transporte para médias e curtas distâncias, dificilmente ela será adotada por parte mais significativa da população se não houver incentivo do poder público. Em Londrina, as ciclovias instaladas para lazer são bem sinalizadas e bastante utilizadas. Já as que deveriam ser utilizadas por trabalhadores, quando existem, apresentam problemas como falta de sinalização, falta de continuidade dos trajetos e divisão de espaço com pedestres.

A ciclovia instalada na Avenida Harry Prochet (Zona Sul), por exemplo, apesar de bem sinalizada, não chega a um quilômetro, foi construída em apenas uma das pistas e, portanto, pouco ajuda os ciclistas. Na mesma região, a ciclovia construída na Avenida dos Expedicionários, que dá acesso ao Jardim Botânico, é uma faixa de asfalto sem qualquer sinalização, praticamente em desuso.

A via existente no canteiro central da Avenida Leste-Oeste, por sua vez, mostrou-se a mais utilizada, embora não se trate exatamente de uma ciclovia. A faixa sob belas acácias e flamboyants também não é sinalizada e recebe indistintamente pedestres e ciclistas. Como o canteiro é cortado por várias conversões para os carros, os usuários têm que interromper seu trajeto constantemente.

"Como eu vou e volto de bicicleta para o trabalho, aproveito bem, mas acho que tinha que ter um espaço só para as bicicletas e outro só para os pedestres, para a gente não precisar desviar o tempo todo", argumenta o vidraceiro Renê Luciano Domora, que trabalha na Vila Nova (área central) e mora próximo ao Zerão. Ele conta que adotou a bicicleta como veículo de locomoção há cerca de 10 anos. "Chego em casa em 20 minutos e ainda escapo desse trânsito louco". De acordo com informações da Gerência de Serviços Urbanos da Secretaria Municipal de Obras e Pavimentação, a via utilizada por ciclistas na Leste-Oeste não se configura como ciclovia, por isso não é sinalizada como tal.

As promessas de aumento da estrutura cicloviária da cidade são antigas e, de acordo com órgãos oficiais, esbarram na falta de recursos. Segundo o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina (Ippul) as ciclovias começaram a ser projetadas em 1988, mas até agora só 17 quilômetros foram implantados. Em maio de 2005 reportagem da FOLHA mostrou um projeto do Ippul que previa a construção de 64 quilômetros de pistas específicas.

A primeira fase do projeto interligaria as zonas Norte e Sul através de 15 quilômetros de ciclovia contemplando a Avenida Saul Elkind em toda a sua extensão, a Rodovia Carlos João Strass e a Avenida Dez de Dezembro até a PR-445. Na época, a concretização das obras dependia da aprovação do financiamento federal de R$ 800 mil e previa contrapartida de R$ 300 mil por parte do município. As obras não saíram do papel.

A esperança, agora, vem dos recursos federais do Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC Mobilidade) criado para viabilizar melhorias de locomoção em médias e grandes cidades. A rede cicloviária já projetada pelo Ippul prevê que Londrina contará com 100 quilômetros de vias específicas para ciclistas, que deverão ser construídas em todas as regiões. Só na área central elas estarão presentes em avenidas como Duque de Caxias, Maringá, Dez de Dezembro e Leste-Oeste. Não é possível precisar, porém, quando serão entregues.