Márcia e Adilson Kemotsu, pais de Mateus, de 2 anos, e de Leonardo, de 5: mudança na rotina da família inteira
Márcia e Adilson Kemotsu, pais de Mateus, de 2 anos, e de Leonardo, de 5: mudança na rotina da família inteira | Foto: Ricardo Chicarelli



Quando o pequeno Leonardo, de 5 anos, começou a apresentar queixas de dor nos olhos e o oftalmologista sugeriu que poderia ser por excesso do uso de tecnologias da informática, os pais do menino, o servidor federal Adilson Muneo Kemotsu e a servidora municipal Márcia Kimie Kemotsu, ficaram em alerta. "Concluímos que fomos permissivos e ele estava ficando com mais interesse nos equipamentos eletrônicos do que gostaríamos", admite o pai.
O fato acabou motivando uma mudança na rotina para toda a família, incluindo o caçula Mateus, de 2 anos. "Os meninos gostam de jogar, querem usar o tablet, mas começamos a impor mais limites", revela. Os pais só deixam as crianças acessarem aplicativos e jogos do celular dos adultos. Além disso, proibiram qualquer tela durante as refeições, inclusive a TV.
"Eles aprenderam que há horário para jogar ou assistir a vídeos", conta Adilson, detalhando que os pais também passaram a incentivar mais brincadeiras ao ar livre ou com brinquedos educativos. "Temos consciência que não podemos aliená-los, por isso buscamos o equilíbrio", comenta.
O pai admite que também tinha hábitos ruins em relação à tecnologia, como assistir TV na hora do jantar. "O mérito das regras é da minha esposa", elogia ele, que precisou passar uma semana fora por causa do trabalho e, quando voltou, se deparou com vários cartazes explicando os novos hábitos. "Os meninos validaram as regras e eu também tive que respeitar. Foi uma ação muito legal", afirma ele, que deixou de recorrer ao celular como "babá" e passou a incluir os filhos em mais atividades conjuntas. "Eles me ajudam a fazer o jantar, por exemplo, e adoram esse momento. Temos que conviver mais com os filhos, apesar da vida corrida", aconselha.

Júlio César e Juliana Lucarevisky com os filhos Gabriel, de 12 anos, Maria Clara, de 9, e Thiago, de 3: diálogo é a base para os limites
Júlio César e Juliana Lucarevisky com os filhos Gabriel, de 12 anos, Maria Clara, de 9, e Thiago, de 3: diálogo é a base para os limites | Foto: Saulo Ohara



Na casa da psicóloga e terapeuta familiar e de casais Juliana Araújo Lucarevisky e do pastor e professor Júlio César Lucarevisky, o diálogo é a base para estabelecer limites em relação ao uso de tecnologias. "Não negamos que a revolução industrial trouxe vantagens, mas o uso exige equilíbrio e supervisão. Crianças e adolescentes precisam de experiências diferentes para se constituírem como seres mais inteiros", defende a mãe de Thiago, de 3, Maria Clara, de 9 e Gabriel, de 12.
O filho caçula - que já nasceu entre dispositivos tecnológicos variados - gosta de manipular os equipamentos, mas só o faz eventualmente e com supervisão. "Percebi que ele já acordava querendo mexer no celular, então criei uma nova rotina, de primeiro sair para fora de casa e ver como está o dia, como está o céu", relata.
Os mais velhos possuem permissão para passar de 1 a 2 horas diante das telas, porém, sempre no celular dos pais. "Atividades em grupos de WhatsApp ou redes sociais são nos perfis da família, pois os dois ainda não têm autonomia para perfis próprios", acredita ela, que proíbe o uso em restaurantes ou no carro. "Quero que se distraiam com outras coisas e gostem da vida de uma maneira diferente", pontua.
Outro cuidado da família é a formação de bases e valores firmes para que os filhos tenham equilíbrio para fazer boas escolhas. "Os pais não podem deixar que outros tragam valores para os próprios filhos, como por exemplo os youtubers", diz, destacando que as bases precisam de consistência. "Não adianta só impor regras, é preciso dialogar e cultivar valores e crenças", opina.