Ronaldo Adriano Serafim, que trabalhava em uma empresa londrinense de serviços de impermeabilização, afirma que foi demitido por justa causa indevidamente.
''O meu patrão chegou e falou que em Londrina estava fraco de serviço. Falei para ele que, se não tinha mais serviço, ele teria que me mandar embora. Aí ele disse que me demitiria por justa causa e que eu deveria procurar os meus direitos'', lembra Serafim. ''Inventaram que eu tinha abandonado o emprego. Entrei com ação na Justiça do Trabalho e fizemos um acordo.''
Das cerca de 202,5 mil demissões por justa causa registradas no Brasil entre janeiro e julho deste ano, a maior parte delas foi no setor de serviços, no qual ocorreram 107,1 mil dispensas nessa condição. Bem atrás, vieram a indústria (35,4 mil demissões por justa causa) e o comércio (34,5 mil).
Marco Antonio Cesar Villatore, coordenador da especialização em Direito do Trabalho e Processual do Trabalho da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e professor também na Facinter e da Federal de Santa Catarina (UFSC), aponta que o setor de serviços é um dos mais atingidos pela crise econômica mundial, e por isso empresas da área podem estar recorrendo a demissões por justa causa para reduzir custos.
''Com a crise, as empresas brasileiras exportam menos, por consequência, perdem faturamento e contratam menos serviços'', justifica. Villatore critica a forma como o governo brasileiro tem gerenciado a crise. ''Com a redução do IPI para carros, muitas revendas de veículos usados estão fechando. À medida que um setor é aquecido, outros são desaquecidos. A redução de impostos deveria ser para todos'', diz o professor.
Luigi Nese, presidente da Confederação Nacional de Serviços (CNS), diz que os números de demissões por justa causa do MTE podem estar apenas refletindo a importância do setor no mercado de trabalho. Segundo a CNS, os serviços representam 70% da mão de obra formal do Brasil - portanto, se empregam mais, provavelmente também demitem mais por justa causa do que outras atividades econômicas. (F.G.)