História da reserva Monte Sinai se confunde com a de  Julio Cezar Chistoffoli
História da reserva Monte Sinai se confunde com a de Julio Cezar Chistoffoli



Durante cinco anos, a RPPN (Reserva Particular de Patrimônio Natural) Monte Sinai, em Mauá da Serra, recebeu animais apreendidos em toda a região de Londrina que precisavam da chamada "quarentena" antes de serem devolvidos à natureza. Apenas em 2013, foram soltas mais de 400 aves que, junto com outros projetos desenvolvidos no local, estão ajudando a recompor a biodiversidade da região. A atividade é cara e, por isso, a reserva contava com recursos do chamado ICMS ecológico. Há cinco anos, porém, o recurso foi suspenso e todas as atividades deixaram de ser realizadas. Quase cem animais sem condições de retornar para a natureza permaneceram acolhidos graças a investimentos próprios do proprietário da fazenda, Julio Cezar Chistoffoli. Em julho, após muita negociação, os recursos passaram a ser novamente depositados, o que vai garantir fôlego para retomar as atividades.

A história da reserva se confunde com a de Chistoffoli. Pioneiro na área de direito ambiental, ele fazia assessoria jurídica para uma empresa de reflorestamento desde 1971 e, em 1985, adquiriu a propriedade. "Quando comprei, já sabia que não seria totalmente produtiva", recorda ele, que hoje mantém 313 alqueires de área de preservação ambiental e 61 alqueires produtivos. A RPPN é uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) que busca restaurar a biodiversidade da mata. Para isso, mantém vários projetos que, em conjunto, estão garantindo a restauração da natureza de forma holística.

Um dos projetos é o Cetas (Centro de Triagem de Animais Silvestres), que estava sem receber animais e agora vai voltar a funcionar. Além disso, a reserva mantém projetos de restauração de orquídeas, abelhas, morcegos não hematófagos, inventário da fauna, taxidermia de animais mortos na rodovia e extração de ativos florais – cujo objetivo é encontrar substâncias para uso na área farmacêutica e de perfumaria. Os projetos são conveniados a universidades e, como resultado, estão promovendo a recuperação de 47 nascentes de rios.

Especificamente no Cetas, os animais apreendidos eram recebidos por um veterinário e um biólogo. "Restauramos a saúde e a alimentação para então soltar na floresta", conta. A diversidade de cantos em meio à mata comprova que o trabalho tem funcionado.

Quando os animais apreendidos não são da região, a solução é manter em cativeiro. Hoje, o Cetas conta com uma funcionária exclusivamente para tratar de papagaios e araras que se alvoroçam ao ouvir a voz de Chistoffoli perto dos viveiros. Nos anos em que a RPPN ficou sem os recursos do ICMS, ele investiu mais de R$ 300 mil de recursos próprios. A previsão é que consiga recuperar pelo menos os investimentos feitos em 2017 com o retorno dos repasses, que vão permitir também o investimento na readequação do Cetas com uma área mais adequada para armazenar alimentação e também laboratórios para os pesquisadores. Segundo o advogado, a previsão é que haja um investimento de R$ 30 mil mensais. Passada essa fase, ele tem planos "auspiciosos", que incluem a transformação de uma escola municipal em escola agrícola voltada à produção sustentável.(C.A.)