Para Rogério Baptistini Mendes, sociólogo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, a simples redução no número de parlamentares é uma resposta moral a um problema político. "O ideal é que uma grande população tenha uma grande variedade de representantes. A questão da falta de representatividade do Parlamento é anterior ao debate sobre o número de deputados e senadores, mas diz respeito aos processos de escolha e ao sistema de partidos", critica.
Ele lembra que os cidadãos governam através de representantes e, por isso, o sistema precisa garantir que todos os grupos da sociedade sejam representados. "Caso contrário pode desvirtuar a democracia. Reduzir é uma bobagem, precisa reforçar o sistema político e partidário", alerta.
Para o sociólogo, a reforma política necessária passa pela reformulação dos partidos de forma a garantir que sejam enraizados na sociedade e canalizem as aspirações dos cidadãos. Além disso, defende o fortalecimento de mecanismos que aprofundem a democracia representativa e semidireta, seja através de institutos como plebiscitos, referendos e iniciativa popular ou pelos conselhos populares. "A redução de custos pode ter um custo alto para a democracia, pois nossa sociedade é complexa e plural. Uma parte da sociedade pode ficar sub representada", questiona.
Outra necessidade, segundo Mendes, é investir na formação dos cidadãos, seja através do sistema educacional ou dos debates nas famílias, igrejas e condomínios. "O cidadão tem que discutir o governo, o que hoje em dia não ocorre diante da preocupação com problemas particulares. A cultura pública é deixada de lado", lamenta.
Uma solução seria a educação colocar o tema da cidadania como questão central "para formação dos homens para o estado". "Este tema tem que estar no dia a dia, pois só assim as pessoas serão capazes de debater. Os problemas do governo não são tratados com o devido respeito", opina. (C.A.)