O atendimento ao agressor faz parte das ações necessárias para superar a violência sistemática contra as mulheres. Por isso, Sarandi e Maringá possuem um serviço específico para atendimento de homens mantido por uma instituição privada, a Faculdade Metropolitana de Maringá (Famma). A iniciativa foi da juíza Elaine Cristina Siroti e da promotora Monica Maciel Gonçalves, da 2ª Vara Criminal do Foro Regional de Sarandi, que conseguiram implementar o serviço com apoio de um grupo interdisciplinar da Famma. Atualmente, por iniciativa da juíza Mônica Fleith, da 5ª Vara Criminal do Juizado da Violência Doméstica de Maringá, o programa atende também o município.
Aracéles explica que o programa é imposto a homens que cumprem pena pela Lei Maria da Penha e alcançou o feito de jamais ter registrado reincidência entre os atendidos. Atualmente o grupo tem 49 homens, mas já foram realizados, desde 2013, pelo menos 200 atendimentos. Além dos grupos terapêuticos que se reúnem semanalmente, ainda ocorrem orientações sobre direito de família, divórcio, guarda compartilhada e sobre as próprias determinações da Lei Maria da Penha.
Os grupos são compostos por homens de várias idades e classes sociais. Em comum, possuem a crença de que a violência contra a mulher é comum e natural. "Muitos reproduzem o que assistiram pais e avós fazerem", relata, destacando que também não enxergam a violência psicológica e moral.
"É comum eles chegarem com resistência a aderir à terapia, afinal, estão cumprindo pena. Aos poucos, porém, criam empatia e passam a ver o benefício", acrescenta.
O objetivo maior, segundo a professora, é desconstruir a visão machista. "Muitos conseguem perceber que podiam ter agido de forma diferente, principalmente quando percebem que a vítima poderia ser a própria filha", conta. O objetivo final é trabalhar o controle emocional para que sejam capazes de perceber emoções antes de reagir impulsivamente. (C.A.)